domingo, 27 de dezembro de 2009

Crimes Hediondos

Muita gente se apavora com certos crimes e os considera hediondos. Sequestros, estupros, assassinatos, ataques armados provocam reações exasperadas e apelos pelo aumentos das penas.
Não negarei jamais a indignidade desse tipo de violência. Mas, e o corrupto? Quando ele age, sorrateiramente, quantas escolas, hospitais, creches, casas de repouso deixam de ser construídas pelo poder público? Quanta criminalidade pesada é provocada, indiretamente, pelo corrupto?
Assim, eu espero que um dia o crime de corrupção seja considerado pelo povo brasileiro também como hediondo e punido mais severamente.
Ficar aguardando que, no voto, expulsemos da vida política os corruptos é sonho, é fantasia dos contos de fadas. O Maluf, por exemplo, conta com 10% de votos na próxima eleição para o Governo do Estado de São Paulo; Quércia provavelmente será candidato ao Senado; o Arruda era bem respeitado em Brasília.
Tenho vergonha muitas vezes de ser brasileiro.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Copenhague

"Faleceu" a discussão climática em Copenhague. Era esperado. Quem manda nos governos são os grandes capitalistas, que não conseguem adotar medidas em sua produção, para reduzir os impactos sobre o ambiente. Isso provocaria, a curto prazo, a redução de seus lucros.
Por outro lado, temos um aumento substancial no consumo, com a incorporação de novos compradores, no mundo inteiro.
Quando eu escrevi aqui que o maior predador da Terra era o ser humano, discordaram de mim. Mas, nenhum outro animal, já perceberam isso?, põe em risco o planeta. Somente nós.
Fiz um teste recentemente, sobre a minha pegada ecológica, e levei um susto. Com todos os cuidados que tomo, ainda assim estou incluído no grupo daqueles que precisarão de 3 planetas para viver bem. Isso porque ainda não reciclo meu lixo natural, como carne às vezes e moro numa cidade como São Paulo.
Os dias futuros da Terra me parecem negros. Espero estar enganado. Há pessoas no mundo que propõem simplesmente a extinção da Humanidade. Talvez isso aconteça naturalmente.

ENCHENTES

Estou ficando de saco cheio. Todo ano é a mesma coisa. Chove intensamente em São Paulo, a cidade fica alagada em diversos pontos, as pessoas perdem os seus bens, há desabamentos e mortes.
A Globo e o Datena, principalmente, fazem a sua demagogia em cima do sofrimento humano. Agora, que culpa tem a Natureza, se estamos interferindo drasticamente no equilíbrio do clima ou que construímos uma cidade na várzea de rios?
Quando teremos um prefeito realmente corajoso que recupere o leito original de muitos rios, que mande derrubar construções, que implante a obrigação de termos terrenos menos impermeabilizados?
Quando teremos outros polos de desenvolvimento, espalhados pelo País, que atraiam parte da população de São Paulo, impedindo o inchaço desta cidade?
Espero que outros não morram até lá.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mãe

Terça-feira passada, à noite, faleceu a minha mãe. 78 anos de idade. Ela nunca teve uma vida fácil. Analfabeta, trabalhou como operária até a sua aposentadoria. Lutadora, desde os 30 anos sempre conviveu com diversas doenças. Personalidade forte. Foi feliz no casamento? Difícil dizer. O que é felicidade, na verdade? Gostava também de conversar.
Lamento não ter sido mais íntimo dela. Durante seu período de trabalho, ela começava o expediente às 5 da manhã e encerrava às 13 horas. Chegava sempre cansada. Meu pai ficava de manhã comigo, me levava depois na casa de alguém que cuidava de mim; minha mãe me buscava depois. Assim, acabei por ser mais próximo do meu pai. Na prática, tornei-me muito independente.
Meus pais, de certa forma, foram "revolucionários" para a época: tiveram apenas um filho. Se eu tivesse irmãos, apesar do ônus de ser filho único, provavelmente não teria estudado. Minha mãe procurou me educar na igreja católica; hoje, quero distância de quaisquer dogmas. Lembro que ela insistia em me exibir para as amigas; minha timidez me assombrava com isso, mas hoje acho profundamente engraçado.
A convivência dela com a minha esposa foi razoável, dentro dos limites tradicionais da relação nora e sogra. Acabei me aproximando e muito da minha sogra, outra mulher excepcional. Provavelmente, a minha mãe tenha ficado um pouco surpresa com essa atitude minha, mas nunca reclamou. Creio que agi corretamente em não envolvê-la em meus problemas. As netas a respeitavam, mas às vezes tinham dificuldade em lidar com a sua personalidade, muito apegada àquela vidinha limitada pela baixa aposentadoria.
Quando fiquei desempregado, ela entristeceu. Mas, nada poderia fazer para mim ajudar. Acabamos todos em nos conformando com a situação. Mas, o meu desemprego atrapalhou os planos de tornar a vida dos meus pais um pouco mais digna.
Ela cuidou da minha avó que, infelizmente, entrou num processo de senilidade lamentável. Mais desgaste. Encontrou refúgio na fé, junto a sua igreja. Não herdei dela esse comportamento; prefiro meus filósofos, com a mente aberta. Mas, nunca me meti com as suas convicções. Ultimamente, ela repetia a palavra Deus sistematicamente.
Os últimos anos foram complicados para ela. Meu pai entrou num processo de decadência preocupante. Ela procurou cuidar dele da melhor forma possível, mas sozinha. Insisti em colocar alguém para ajudar, mas não deu tempo de colocar isso em prática.
Teve um AVC. No hospital constataram uma pneumonia. 20 dias hospitalizada. O coração não suportou. Descansou. Agi o mais rápido possível; não considerei aceitável mantê-la no necrotério por muito tempo. Assim, de madrugada o velório teve início. Agradeço o apoio recebido dos médicos, enfermeiros, pessoal administrativo, zelador, funcionários todos do hospital. Também agradeço a atenção da funerária e do motorista que levou o caixão até o crematório da Vila Alpina. Na próxima semana, receberei as cinzas. Pretendo fazer uma cerimônia respeitosa, no espalhamento das cinzas.
As pessoas têm perguntado porque não chorei compulsivamente. Nem sempre o choro é sinal de emoção. Sempre manterei minha mãe no pensamento, é o que importa. A Filosofia, repito, não faz mágica mas me forneceu a necessária bagagem para encarar situações como essa. Além disso, tenho que cuidar do meu pai.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

FUTEBOL, DE NOVO

Tivemos recentemente um apagão, que colocou em risco a segurança nossa e do Paraguai, desabou a estrutura de uma obra em São Paulo, os aposentados estão implorando por aumento, morre-se de bala perdida no Brasil todo, a educação e a saúde continuam precárias, o Brasil é o 75º país mais corrupto do mundo, e o que ouvimos nas ruas? São Paulo, Palmeiras, Corinthians, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Libertadores, etc.
Enquanto os EUA estão investindo em novas armas, novas pesquisas científicas, em novas viagens à Lua e depois para Marte, enquanto os franceses investem na indústria aeronáutica, enquanto os japoneses criam os seus robôs, o que o brasileiro faz?
Fica se deslumbrando com o seu futebol. Produto de exportação, o nosso ópio, o nosso pão e circo. Estou ficando velho, gente, e não creio que essa atitude mudará tão cedo. Começo até a duvidar, apesar dos discursos do gnomo Lula, que esse País tem algum futuro que não seja essa mesmice, essa mediocridade cultural em que vivemos.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SOU CARECA COM MUITO ORGULHO

Estava eu na Livraria Cultura, Av. Paulista, folheando um livro sobre gatos. De repente, um sujeito se aproximou de mim e perguntou se eu era um tal de Rafael ou Daniel (não lembro bem o nome). Pareceu-me de relance ser um fotógrafo, pois carregava alguns instrumentos da profissão. Meio assustado, como todo paulistano paranoico, respondi que não.
Segundos após, percebi que ele encontrou o tal Rafael ou Daniel. Curioso, procurei descobrir quem era o tal e, surpresa, verifiquei que o mesmo era tão careca como eu. Não perguntei, mas provavelmente alguém disse ao fotógrafo para procurar, naquele setor da livraria, um sujeito careca.
Não tenho vergonha de ser calvo. Como disse um amigo careca não é gente, é ponto de referência. Os torcedores do Corinthians um dia me chamaram de careca. Alunos uma vez me chamaram de careca fdp. Eu ficar ofendido? Risos. Careca sou mesmo; fdp posso me tornar às vezes, principalmente quando as pessoas me tratam com ignorância ou arrogância.
Como o cabelo biologicamente não tem mais função e, em cinco mil anos, como previsto por alguns cientistas, todos os seres humanos serão calvos, sinto-me um precursor desse futuro. Pretendo até, logo, logo, raspar tudo. O pouco que tenho me atrapalha.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

METRÔ PAULISTANO QUE HORROR!

Ultimamente, tenho utilizado o metrô em São Paulo quase todos os dias. E, nos horários que o freqüento, habitualmente, ele fica extremamente lotado.
Sei que os funcionários da empresa têm a obrigação profissional de passar mensagens educativas para os passageiros, mas é irritante e cômico ao mesmo tempo.
A pessoa berra no meu ouvido: “ao entrar, não fique na região das portas, vá para o corredor!”. Que corredor? Nem consigo vê-lo. Há um entupimento de gente, que nos obriga a nem respirar.
“Ao tocar o sinal, não entre!”. Como? Você é espremido como uma massa de tomate; nem vê a porta.
“Deixe as pessoas saírem, antes de entrar!”. Geralmente, as pessoas “entram” e “saem” comigo. Se bobear, carregam você até as escadas. Pessoas gordinhas, então! Viram pastel.
Gostaria de pegar uma autoridade, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador (do Presidente, nem falo nada; será que algum dia ele andou de metrô?) e obrigá-la a passear de metrô e trem nos horários de pico. Não adianta nos engabelar com belas propagandas na TV; queremos é um transporte decente. Apenas isso.

INAPTIDÃO PARA APRENDER

Ontem, no metrô, deparei-me com uma cena muito bonita e inspiradora. Observei uma senhora conversando, presumo, com seus filhos na linguagem dos sinais.
A princípio, pensei que as crianças, um menino e uma menina, fossem surdas. Na verdade, era o contrário; a surda era a mãe.
Fiquei com inveja. A menina, mais velha que o irmão, se comunicava tão facilmente com a mãe. Uma verdadeira troca de afagos, uma conferência de amor. E eu não consigo aprender a linguagem de sinais. Aliás, não consigo aprender com profundidade nenhum idioma; creio até mesmo que estou esquecendo o bom Português.
Qual seria a razão de sermos ineptos em aprender algumas coisas? Conheço pessoas, muitas, que entram em pânico com a Matemática. Outros com o idioma lusitano. Outros com Ciência, etc. Os pedagogos têm resposta para tudo, mas acho curioso.
A cena foi bonita e marcante. Que o trio seja feliz para sempre, nesses momentos mãe-filhos, é o que desejo no meu mais profundo ser.

sábado, 10 de outubro de 2009

E A GRANA DA EDUCAÇÃO, TIO LULA?

Como sempre digo, não podemos fugir da Matemática. Sinto-me bombardeado por números preocupantes.
A compra de novos caças para o Brasil está orçada em torno de 10 bilhões de reais. Há também em andamento um acordo militar com a França, para a construção de submarinos convencionais, helicópteros e um submarino nuclear; montante do negócio: 22,5 bilhões de reais. Por último, teremos o espetáculo das Olimpíadas 2016, a grande consagração do pão e circo. A festa está orçada em 26 bilhões de reais.
Somando tudo isso chegamos ao valor de 58,5 bilhões de reais, uma micharia pelo visto, pois ninguém se espantou até agora.
Fiz umas continhas bem sem-vergonhas e cheguei a um número bárbaro: daria para pagar o salário de 2 mil reais, todo mês, durante 10 anos, para 243.750 professores. E, considerando 50 alunos por professor, teríamos 12.187.500 de estudantes assistidos! Não daria para formar alguns cientistas, pesquisadores, doutores, políticos mais sérios?
E querem que eu ainda tenha esperança!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Será que sou ET?

Tenho amigos que adoram uma cerveja. Eu não suporto; aliás, evito beber. Convivi com alcoólatras e as lembranças são péssimas. Além disso, no meu único porre, meu comportamento foi deplorável. Não sou convidado, porém, para nenhuma noitada.
Conheço pessoas que falam sobre futebol o tempo todo; eu não consigo. Alunos meus já largaram as aulas, para assistir os jogos de seus times prediletos. Eu moro ao lado do estádio do Palmeiras e somente vou lá para fazer caminhada (este ano entrei lá duas vezes, se muito).
Ouvi hoje que o trânsito estava péssimo porque muita gente estava voltando para casa, mais cedo, para assistir o último capítulo da novela Caminho das Índias. Não tenho preconceito contra novelas e noveleiros, mas não perco meu tempo com elas. Dessa trama, assisti um capítulo em que duas mulheres se atacavam, atirando objetos. Ri muito porque elas nunca acertavam; que pontaria!
Estou lendo um livro em que um dos personagens, no momento, está sofrendo por uma ex-namorada. Tudo bem, é um adolescente. Mas, não me lembro de ter sofrido tanto por uma mulher. Meus relacionamentos sempre foram maduros, racionais. Há muitos anos namorei uma mulher mais velha 8 anos do que eu. Quando a flaguei com outro sujeito, fiquei muito chateado. Mas, não pela infidelidade ocorrida e sim pelo tipo de cara com que ela estava convivendo.
Ela nunca prometeu ser fiel a ninguém; teve uma grande desilusão amorosa e não acreditava nas juras dos homens. Continuamos bons amigos por alguns anos. Há alguns meses, descobri, pelo Orkut, que duas outras grandes paixões já morreram. Fiquei triste sim; mas elas haviam escolhido seus próprios caminhos, há anos. Lamento não ter me despedido das duas.
Para mim é importante uma boa mesa, um bom filme e, principalmente, uma boa leitura. Agora, estou percebendo que muitos me isolam ou tentam me isolar. Calma, não estou deprimido. Tenho meus amigos, fundamentalmente mulheres incríveis. Mas, o que será que muitos pensam de mim? Será que não sou um ET e ainda não descobri?

sábado, 5 de setembro de 2009

Filhas e Mães

De vez em quando eu sumo do blog. É falta de inspiração mesmo; gente muito mais preparada e instruída do que eu tem escrito tanto sobre o Brasil e o Mundo, que receio muitas vezes chover no molhado (essa expressão é novíssima, risos!).
Hoje, há alguns minutos, fui ao supermercado Sonda fazer umas comprinhas. Bairro agitado este meu: jogo de futebol, culto religioso, formatura, manos brigando no West Plaza, policiais aos montes, tudo ao mesmo tempo. Há cidades que não têm essa agitação toda.
No Sonda ocorreu algo que mexeu comigo. Ouvi uma voz bem alta, gritando com alguém: Pare! Levei um susto e fiquei paralisado. Pensei de pronto: deve ser uma mãe dando bronca em uma criança.
Veio a surpresa. Uma senhora, aparentando mais de 60, olhou para mim e comentou, duas vezes: O senhor conhece o Estatuto do Idoso? Respondi, meio vexado, que sim. E ainda caí na besteira de comentar: pensei que fosse uma criança. A outra mulher, mais jovem, então soltou: Mas ela é uma criança. Sai pelo mercado, não me avisa.
Eu disse então: Mas não se esqueça que você, um dia, terá a idade dela. E recebi a seguinte resposta: Se eu tiver uma filha que cuide de mim como cuido dela!
Nem respondi, mas pensei: Sendo desse jeito, você não terá ninguém. Exagero meu? É que vocês não ouviram o berro!
Raciocinemos juntos. Será que vale a pena viver até depois dos 70, numa sociedade tão impaciente com as coisas, tão preocupada com a velocidade, que enfatiza tanto a eficiência?

domingo, 2 de agosto de 2009

Brasil de Lula versus Brasil de Fernando Henrique

Esse tema vem me matutando há algum tempo. Hoje, passeando pelo Shopping Bourbon, aqui em São Paulo, encontrei um grupo de jovens, de baixa remuneração, olhando avidamente a mercadoria exposta numa joalheria. A seguir, uma das meninas do grupo parou em frente a uma loja de agência de viagens e apontou: Eu quero essa viagem! Era um cruzeiro de transatlântico.
Nada contra sonhar. É lícito e humano. Mas, que mundo estamos construindo?
Somos gente ou meros consumidores?
O escritor Férrez, numa palestra, implorou que a Nike e seus concorrentes deixassem de vender tênis caríssimos, no mercado brasileiro, pois isso na sua opinião incentivava os jovens da periferia a desejarem um padrão de vida impossível de ser alcançado, no curto prazo, e consequentemente uma atitude de quase marginalidade.
O Presidente Lula, neste momento, deve estar um índice de popularidade na casa dos 70%. Fico então refletindo: temos dois países preponderantes, o do Lula, representado pelos trabalhadores de baixa renda, os emergentes de classe média, os oportunistas de sempre e parte da intelectualidade semi-marxista, e o do Fernando Henrique, que congrega alguns empresários neoliberais, os intelectuais críticos, uma parte do povo mais instruído e militantes políticos que buscam uma Terceira Via não muito conclusiva.
Eu navego entre os dois grupos e, sinceramente, não creio que ambos possam melhorar este País, pelo menos a curto prazo. Então pergunto: como lidaremos com esses sonhos, com esses desejos de consumo, com os empregos de baixa renda e assédio moral preponderante? Ou seremos todos jogadores de futebol, modelos e trabalhadores de TV?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Gripe

O assunto do momento é a gripe suína. Ou não suína, pois o porco não tem nada como isso.
Todo dia morre alguém vitimado pela doença. Muitos estudantes estão vibrando, pois ficarão mais tempo afastados da escola. As grávidas estão entrando em paranoia, pois foram incluídas nos grupos de risco. E os obesos?
O duro é saber que a gripe habitual mata mais. Ocorre que geralmente nunca nos preocupamos com ela; quantas vezes não presenciei pessoas sendo censuradas, porque faltaram ao trabalho em função de uma gripe.
Que o momento sirva de reflexão. Precisamos urgentemente modificar as nossas políticas de saúde, tornando-as mais efetivas no combate a doenças existentes. Medicina preventiva mais eficaz é o que precisamos e médicos mais socialmente responsáveis.
Lavar as mãos, por exemplo, deveria ser obrigação e não medida apenas socialmente recomendada.
E fiquemos na torcida para que os menos saudáveis não sejam atingidos pela nova epidemia.

Lula e Collor

Dizem que esse País não tem memória. Será que é verdade?
Em 1989, já maduro, eu votei pela primeira vez num candidato a Presidente da República. Sempre me identifiquei politicamente mais com a esquerda. Votei no Covas, no Primeiro Turno, e no Lula no Segundo.
O comportamento do Collor e de seus seguidores, nesse Segundo Turno, foi tétrico. Arrumaram tropas de choque, que ficavam intimidando os simpatizantes do Lula. Viviam afirmando que o PT, no poder, iria sequestrar bens e riquezas e outras coisas no mesmo tom.
Trouxeram para a TV uma das namoradas do Lula, afirmando que o petista a havia obrigado a abortar. Num país hipócrita como o nosso, isso caiu como uma bomba entre as pessoas mais conservadoras. E o famoso debate editado pela Rede Globo, que hoje vive lambendo os pés do Lula?
Parece que tudo isso foi esquecido pelo principal protagonista. Perdoar é uma coisa, mas valorizar o mau caráter não me agrada, não me satisfaz. Como a política brasileira é nojenta!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Psicólogos em Ação

Muita gente sabe que virei chique. Tenho um Shopping há cinco minutos de casa, isso a pé!
Passei na Livraria Cultura desse shopping e fui verificar alguns livros de Psicologia; ultimamente, aliás, pareço mais psicólogo do que administrador.
Dois jovens estavam conversando. Lá pelas tantas, a moça disse: este livro é de uma das minhas professoras. Ela é rica.
Como?, perguntou o rapaz. A moça comentou então: sabe quanto ela cobra por sessão? 250 reais! Duas sessões e já são 500 reais!
Ele perguntou então: e como ela é como pessoa, gente boa?
A moça retrucou: Não, ela é muito brega.
Brega, de que jeito?, insistiu o garoto.
A moça completou sua opinião: Ela veio um dia com uma calça cheia de apliques brilhantes.
E quantos anos ela tem?, lá veio o rapaz de novo.
Uns 50, completou a moça. E o rapaz, espantado: Uma velhusca dessas vestindo-se desse jeito!!!
Não suportei mais e falei bem alto: estou me sentindo um ancião perto de vocês e fui embora.
Esse diálogo me lembrou um fato ocorrido no UNIFAI, onde lecionava, há anos. A escola aumentou as mensalidades e justificou o fato com um acréscimo no salário dos professores. Alguns estudantes protestaram veementemente, alegando que havia professor com carro importado. Esqueceram porém de verificar que era uma situação atípica. Tratava-se de um microempresário que gostava de lecionar. Então, gente com posses não pode trabalhar? E a vocação e o estímulo de uma maior participação social?
E o que é ser brega? É uma definição, um estereótipo. Agora, o estudante vai para a escola fazer o quê? Estudar, aprender ou ficar verificando o modo de se vestir do professor?
E velho, o que é? Para mim, velho é o sujeito que morreu em vida; e nem percebeu. Um drogado inveterado já pode encomendar o caixão.
Finalizando, que psicólogos estamos formando, hein gente? Entram para o mercado de trabalho, pelo visto, com todos os preconceitos possíveis.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

PAÍS DO FUTEBOL

Existe algum lugar do mundo onde não existam fanáticos por futebol? Se souberem, me indiquem; não suporto mais!
Por qual razão os corinthianos comemoram seus títulos perto do estádio do Palmeiras, infernizando a vida dos moradores da Pompeia?
E a noite começou bem. Chegando em casa, vi dois carros repletos de corinthianos, buzinando e gritando a seguinte frase de altíssima redação: Quem não for corinthiano que vá para a PQP!
Fui dar uma volta mais tarde, para não ouvir as falas de alto padrão, ditas pelos moradores do meu prédio, torcedores de diversos times.
Fui abordado por um garoto que, junto com a família, pede esmola na rua. Um molambo de gente, mal vestido, mal alimentado, provavelmente nem frequenta a escola.
E o que ele me pergunta? Quando terminaria o jogo do Corinthians. Se toda a energia gasta pelo nosso povo, em jogos de futebol, fosse revertida para a melhoria de nossa escola, de nossa saúde, de nossa política, de nossos hábitos e costumes, teríamos o melhor país do mundo. Quero uma passagem só de ida.

NETWORKING CARREIRA PROFISSIONAL INTERNACIONAL

Dia 30/06/2009, estive na USP- FEA, onde cursei a graduação, para o evento Networking deste ano. Assisti a duas palestras: uma do Professor Joel Dutra e outra do consultor Marcos Paiva, que trabalha para a Accenture.
O Professor Joel focou o tema expatriação de trabalhadores. Focou muito o mútuo desenvolvimento, isto é, se a empresa cresce ela exige também crescimento do funcionário e vice-versa.
Comentou sobre as duas tendências para o ambiente de trabalho, na próxima década: carreira subjetiva em detrimento da objetiva (a tomada de decisões de carreira ocorrerá em função do contexto social e familiar do indivíduo) e maior flexibilidade na organização do trabalho (particularmente decorrente do avanço da tecnologia, com ênfase no trabalho à distância).
Sobre a expatriação, salientou que as pessoas (quando se comprometem a trabalhar no Exterior) pensam em projeto de vida, projeto profissional, em ampliar sua rede de relacionamento e se preparar para as exigências da posição; as empresas, de seu lado, pensam na preparação da pessoa e de sua família, no acompanhamento do processo de adaptação e no monitoramento do desenvolvimento à distância.
Marcos Paiva até me impactou mais. Mostrou um outro País, do qual hoje poucos brasileiros participam. Além de apresentar alguns números de sua empresa, que opera em 49 países no momento, ele discorreu sobre a sua carreira profissional.
Tem 37 anos de idade. Formou-se em Engenharia Eletrônica pela Mauá e optou em trabalhar como consultor de empresas. Já atuou em mercados como o México, o Chile e a Argentina. Aprofundou-se nos idiomas inglês e espanhol. Concluiu um MBA nos EUA e o Mestrado pela FGV São Paulo. Já esteve 15 vezes nos EUA, dando cursos inclusive. É o típico sujeito que planejou e bem a sua carreira e aproveitou as oportunidades que apareceram. Será que nós todos temos a mesma disciplina de vida?
Alguns comentários profissionais dele foram valiosos. Há uma maior demanda pela mobilidade global de profissionais. E mercados emergentes são carentes de profissionais qualificados: Rússia, Índia, China, Coréia do Sul, África do Sul e México, especialmente. E o Brasil, apesar de suas mazelas, pode contribuir com esses países. Temos já empresas brasileiras atuando decididamente no Exterior.
Na sua opinião, as ofertas para carreira internacional aumentarão e os desafios também. Citou os principais: idioma, disponibilidade para viagem, relação inter-pessoal, restrição de custos de expatriados, viver novas culturas, família e retorno ao país de origem.

sábado, 27 de junho de 2009

UMA LÁGRIMA POR UMA MULHER

A única certeza que temos hoje é que morreremos algum dia. Uma frase óbvia e repetida milhares de vezes. Mas, sempre ficamos estupefatos quando alguém que conhecemos, pessoalmente ou pela mídia, falece. Ou, como diz o Rolando Boldrin, "nos deixa antes do combinado".
Uma dessas pessoas foi Farrah Fawcett, a grande pantera. Sua filmografia, conforme escreveram os críticos, não foi brilhante, exceto pelas obras O Apóstolo e Dr. T e As Mulheres.
Sendo um mulher exuberante, creio eu uma das mais belas do cinema em toda a História, Farrah ficou marcada como o mito da pantera, quando trabalhou na série com suas companheiras Kate Kackson e Jaclyn Smith.
Mas, lamento profundamente a sua morte. Era fã do seriado, que agrupava sensualidade e feminismo em doses bem adequadas. E ela era uma atriz digna. Deixo aqui as minhas sinceras saudades.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

MICHAEL JACKSON

O dia inteiro ouvi falar do astro e sua morte. No tempo da Sociedade do Espetáculo, toda notícia grandiosa desperta os espectadores de seu torpor e eleva o IBOPE.
Quero deixar bem claro que ele nunca foi meu ídolo. Não posso negar seu brilhantismo como cantor, compositor, dançarino e produtor musical.
Mas, ele representou um tipo de música consumível, num idioma que nunca dominei inteiramente e numa cultura afro-norte-americana que tem elos comuns à brasileira, por causa da escravidão, mas o negro dos EUA tem um estilo de vida muito diferente, com mais qualidade do que o negro brasileiro.
Tive uma comoção quando faleceu a Elis Regina; até hoje, quando assisto a algum show antigo dela ou a alguma entrevista, fico me perguntando porque ela não pediu o apoio de seus fãs, que eram apaixonados por ela.
Assim, compreendo perfeitamente a atitude e o sofrimento dos fãs do Michael. Mas, sinto que ele morreu como viveu. Criticado pelo pai, permanentemente insatisfeito com a sua condição física, fazendo tratamentos misteriosos, envolvido em escândalos nunca esclarecidos, endividado ao final. Descansou na hora certa. Se vivesse mais 10, 20, 30 anos, seria apenas um sofrimento só.

O DIREITO À MORTE

Não há um dia, neste mundão, em que alguém não escreve contra o cigarro, as drogas, as bebidas alcóolicas e o excesso de comida. No lado oposto, estão os fabricantes de cigarros e bebidas, os traficantes e os grandes chefs de cozinha.
É uma grande guerra pelos nossos corações e mentes. Da minha parte, nunca fumei, bebia socialmente (o equivalente a uma garrafa de vinho por ano; estou proibido pelos remédios que uso), nunca usei drogas e estou me controlando em termos de comida (perdi 20 quilos).
Ora, qual o meu objetivo de vida? Viver lucidamente, se possível até os 90 anos. Se morrer antes, será por fatalidade ou acidente.
Mas, e aqueles que insistem em seus vícios? Merecem o nosso desprezo? A nossa distância? Creio que não.
Quem se opõe a todos esses exageros será que efetivamente está pensando no ser humano ou apenas defende os interesses de seguradoras? Sabemos de empresas que não estão contratando fumantes e obesos e dificultam muito o tratamento a viciados em álcool e drogas.
Se o sujeito comete um crime sob o efeito de drogas e bebidas que seja rigorosamente punido pela lei.
Agora, se ele quer se entupir de comida, bebidas e drogas e/ou fumar que nem uma chaminé, deixem-no apressar a morte. O direito à vida é sagrado, mas o direito à morte também.

ESTOU FICANDO VELHO

Há alguns anos, quando eu trabalhava como corretor de imóveis, uma belíssima garota se aproximou de mim, em frente a um prédio. O pessoal da obra, obviamente me provocou antes, dizendo: "Seu Valdir, olha a gata que vai falar consigo!". Ela parou e me disse: "Tio, qual é o caminho para São Paulo? (estávamos em São Bernardo).
Quando começam a chamar você de tio, é o momento de colocar a viola no saco e pensar numa mudança de vida. Mas, a coisa somente tende a piorar. É a criança que desce correndo a escada atrás de você e não pede licença ou lhe acerta na região íntima e nem percebe.
Ou, como hoje, em que uma mãe ficou tentando chamar a minha atenção, para olhar o bebê dela. Ou o garoto que quis o mesmo, brincando justamente do meu lado. E eu comendo. Somente parou quando levou a terceira bronca da mãe. Claro, já tenho jeito risos de vovô.
O jeito é continuar estudando, lendo, ensinando e curtindo a vida. Conheço gente que não está sabendo envelhecer e está entrando num processo depressivo. Farei o possível para ser diferente do modelo do velhinho esclerosado e andando de bengalinha.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

ESCOLINHA DO PROFESSOR SERRA

O governador José Serra, desde os tempos da Prefeitura, dá uma aula por mês em alguma escola pública. A coluna de Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, acompanhou uma de suas aulas, dada aos alunos da 4ª série E da Escola Estadual Professor Lael de Moura Prado.
A matéria até que saiu bem humorada, mas me deixou cismado. Os estudantes fizeram ao Governador os seguintes pedidos:
- a construção de um laboratório.
- a colocação de telhado na quadra de esportes.
- a construção de uma piscina de natação.
- mais um prédio na parte superior da escola, para o ensino médio.
- um ambulatório.
- outra quadra.
Uma grande preocupação, pelo visto, em transformar a escola em área de lazer e apoio à saúde. Praticamente, nenhum pedido que reforçasse a didática de ensino, como uma biblioteca, uma sala de cinema, um teatro, etc.
Quando questionados sobre matérias ensinadas, os estudantes apresentaram falhas básicas: não sabiam as capitais de muitos Estados brasileiros, não conseguiram dividir 37 por dois e falharam nos cálculos de tabuada.
Teremos será uma nova geração de semi-analfabetos no mercado?

POVOS E POVOS

Em 23/05/2009, a Folha de São Paulo publicou a matéria “Britânicos querem eleição antecipada após escândalo”. E apresentou a seguinte descrição de fatos, ocorridos no Brasil e na Inglaterra:

BRASIL

Congressistas de vários partidos usaram verba pública para pagar passagens de amigos e parentes e passear em destinos turísticos; bilhetes da cota aérea eram usados após o fim do mandato e, em alguns casos, vendidos.
Providência: a Câmara adotou uma cota única para os gastos cobertos com verba pública e impediu a cessão de passagens a parentes.

INGLATERRA

Farra da Moradia: 170 deputados foram envolvidos, entre eles o subsecretário da Justiça, Shahid Malik, e Ruth Kelly, que usou dinheiro público para reformar sua casa, após uma enchente, apesar do imóvel ter seguro. O deputado conservador Andrew Mackay pediu auxílio-moradia mesmo com sua mulher, também deputada, já estar recebendo o valor; o trabalhista Elliot Morley pediu a verba para a hipoteca de uma casa já quitada.
Providências: Mackay deixou o cargo de conselheiro do líder conservador, David Cameron; Morley foi suspenso de seu partido; Malik foi afastado até o fim das investigações; Kelly não poderá mais ser candidata pela legenda trabalhista.

BRASIL

O deputado Sérgio Moraes disse que “se lixava” para a opinião pública.
Providência: o deputado foi afastado da relatoria do caso contra o deputado Edmar Moreira; recorreu ao STF.

INGLATERRA

O deputado conservador Peter Viggers gastou R$ 100 mil dos contribuintes em reformas no seu jardim, incluindo a construção de uma ilha flutuante para abrigar patos.
Providência: o Partido Conservador afirmou que Viggers não poderá mais ser candidato pela legenda.

BRASIL

Os deputados José Paulo Tóffano e Arnaldo Jardim usavam verba da Câmara para pagar empregadas domésticas; Osório Adriano mantinha como sua funcionária a doméstica do deputado licenciado Alberto Fraga.
Nenhuma providência da Câmara.

INGLATERRA

A secretária do Interior, Jacqui Smith, solicitou o pagamento de filmes pornô a que seu marido assistiu, em um serviço de televisão via satélite, entre outras despesas suspeitas.
Providência: Smith afirmou tratar-se de um engano e devolveu o dinheiro. Investigadores decidiram não abrir processo criminal.

BRASIL

A deputada Rita Camata e seu marido, o senador Gerson Camata, recebem auxílio-moradia, mesmo tendo casa em Brasília.
Nenhuma providência da Câmara.


Escândalos políticos acontecem, portanto, em todos os países. No entanto, a reação da população é que demonstra se somos ou não cidadãos. Os britânicos, em pesquisa, afirmaram que:
- querem uma nova eleição, antecipada (dois terços dos respondentes).
- 53% pretendem votar em candidatos sem filiação partidária.
- 27% não pretendem votar nos grandes partidos atuais.

E O POVO BRASILEIRO, REPITO, E O POVO BRASILEIRO, INSISTO, E O POVO BRASILEIRO?

sábado, 23 de maio de 2009

QUE PAÍS É ESTE?

Alguém está preocupado com os novos escândalos no Congresso Nacional (até o Gabeira e o Suplicy!)?
Com a saúde da Dilma?
Com o desequilíbrio no meio ambiente brasileiro?
Com o nível da educação levada ao povo brasileiro?
Com o desemprego?
Com a gripe suína, agora rebatizada?
Não, digo não mil vezes.
Somente se fala no Ronaldo Gorducho, seus gols e no novo campeonato paulista vencido pelo Corinthians! No São Paulo ou no Palmeiras ser campeão da Libertadores! No novo Campeonato Brasileiro de Futebol!
Há dias, assisti a um mini-programa da TV Cultura, que falava do Dr. Vital Brasil. Pergunto: quem sabe a importância do Dr. Vital para a ciência brasileira? Agora, o Sr. Ronaldo vai virar cidadão paulistano, pelo que me disseram! Até íntimo agora é do Lula Paz e Amor.
Se eu fosse mais jovem e com parte do conhecimento que possuo hoje, não pensaria duas vezes. Largaria tudo e tentaria uma aventura no Exterior, longe dessa mediocridade cultural em que vivemos, longe desse fanatismo cretino por um esporte que somente valoriza alguns dos seus participantes.
Quando um profissional sério, que trabalha 8, 9, 10 horas por dia, será neste Brasil mais respeitado que um jogador de futebol?
Penso que morrerei e não verei isso se concretizar.

domingo, 19 de abril de 2009

INDIVIDUAL E COLETIVO

Onde termina o direito individual e começa o coletivo? Esse tema e suas variações volta e meia é discutido na mídia.
Acabou a Páscoa; muitos cristãos e judeus a comemoram, cada um com seu ritual. Para outros, agnósticos ou não como eu, a data favorece a comilança de ovos de chocolate. Até que fui moderado; somente digeri o equivalente a dois bombons por dia. Agora, se eu ficar doente, por comer a iguaria, posso atrapalhar a vida de familiares, amigos, alunos, colegas de trabalho, etc. Tenho esse direito?
Ainda sobre isso, recente lei do Estado de São Paulo praticamente obrigará os fumantes a usufruírem seu vício somente na rua ou em suas residências. Novamente, começou a polêmica. Os não fumantes vibrando com a lei, os fumantes a contestando.
Curiosamente, os opositores da lei estão mais preocupados com os ambientes de bar, onde se bebe à vontade e se complementa com boas baforadas.
É aquele tipo de polêmica que não chega a nada. Eu detesto cigarro, bebo muito pouco (cerveja praticamente nunca) e me recuso a me alimentar perto de fumantes. Agora, quem freqüenta bares e botecos já está se arriscando a morrer mesmo; o cigarro somente apressará essa decisão. Esse tipo de lei é um pouco hipócrita; quem garantirá que o número de fumantes diminuirá e que as pessoas se preocuparão mais com a sua saúde?
O que irrita é como o povo brasileiro é omisso, quando se trata de discutir leis e procedimentos que afetarão a sua vida. Ninguém participa de nada e depois fica choramingando.
Falando ainda do individual e do coletivo, onde trabalho durante o dia freqüentemente alguns colegas saem do banheiro e apagam as luzes. Sou obrigado, com as calças na mão e correndo o risco da porta abrir repentinamente e alguma mulher me ver seminu (o banheiro feminino é ao lado), a correr para acender as luzes. Ora, porque uma pessoa racional sai do banheiro e não verifica se existe outra usando o mesmo? Somente encontro duas possíveis explicações: um extremo grau de distração ou uma exagerada concentração em si mesmo. O individualismo predominando sobre o coletivo mais uma vez.
Recomendo a todos a leitura do livro A Felicidade Paradoxal, de Gilles Lipovetsky, que debate profundamente o dilema da sociedade atual: a contradição entre o hiperconsumo e as barreiras sociais que impedem a plena liberdade de consumo. O indivíduo contra o coletivo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

VIDAS QUE SE TRANSFORMAM

Há mais de 20 anos, no prédio onde a minha sogra morava, conheci uma mulher chamada Daisy, casada com um empresário italiano, sua mãe, Dona Elza, e uma filha, a Carla. Não éramos íntimos, até porque eles eram mais conhecidos da família da minha sogra; os encontrava eventualmente.
Os tempos passaram e perdi o contato com eles; minha sogra faleceu e nunca mais voltei àquele prédio.
Lendo o Estadão de 26/03/2009, li a história de uma professora de nome Daisy, com uma filha chamada Carla, que mora numa residência improvisada dentro de um ponto de ônibus. Seu marido, italiano, descobriu estar com câncer e resolveu morar na Itália. Venderam tudo que possuíam. Lá ele faleceu. A família perdeu tudo; Daisy passou a trabalhar para uma condessa. Sua filha Carla, porém, engravidou de um italiano. Envergonhada com o fato, Daisy retornou para o Brasil. Aqui, Carla se envolveu com um marginal, que tentou levá-las para um prédio invadido. Daisy se recusou e, agora se movimentando numa cadeira de rodas, preferiu morar na rua. Sua neta está num abrigo para menores.
Daisy e Carla são as mesmas pessoas do início do texto, o que merece de nós alguma reflexão, sem tripudiar sobre o sofrimento alheio. Soube, por terceiros, que Daisy sempre acreditou que sua vida continuaria estável, confortável. Carla também estudou muito pouco e nunca trabalhou. Em 20 anos, porém, a situação mudou completamente; não havia um plano B, um caminho alternativo que permitisse às duas manter ou recuperar parte de sua riqueza anterior.
Há muitos anos, uma aluna esteve na mesma situação; sua família faliu. E ela foi buscar a mudança, tornando-se uma excelente estudante e uma executiva de Marketing promissora.
Daisy dificilmente sairá da penúria em que vive, a não ser que alguém resolva ampará-la; quando morrer, não sei o que a Carla fará de sua vida. E, sem uma residência confortável e uma renda estável, sua filha continuará no abrigo.
Que tudo isso sirva de lição para nós, pobres mortais que muitas vezes vivemos arrogantemente, acreditando que conquistamos tudo, não nos preparando para eventuais desgraças.

sexta-feira, 27 de março de 2009

PRESSA E CIRCUNSTÂNCIAS

A vida tem situações inusitadas. Nem sempre conseguimos planejá-la o suficiente. Quero relatar aqui um fato que aconteceu comigo e que me permitiu algumas reflexões sobre a vida em geral e a minha em particular.
Meu edifício é constituído por dois blocos, cada um com dois elevadores, um social e um de serviço.
Há alguns dias, um dos elevadores quebrou. Em momentos como esse, a civilidade de todos é posta à prova.
Saí de manhã para trabalhar, como faço em todos os dias. Apertei o botão do elevador em funcionamento e iniciei um papo com o meu vizinho, que também deixou o seu apartamento no mesmo horário. Percebi, porém que o elevador subiu para o último andar. Eu e o meu vizinho continuamos a conversar e nada do elevador descer. Ele, mesmo estando calmo, até bateu na porta do elevador. Eu estava ficando bem mais irritado do que ele, pois sentia a premência de ir embora logo para o trabalho.
Alguns minutos depois, o elevador chegou em nosso andar, vazio. Descemos ao térreo. Ele se dirigiu à garagem, onde pegaria o seu carro; eu fui em direção à portaria, na qual rotineiramente pego o meu jornal.
Lá encontrei o zelador e reclamei com ele sobre o ocorrido. E ele justificou: uma das moradoras do último andar urinou no elevador e a sua empregada doméstica travou a porta do mesmo e limpou o seu piso. E comentou: “eu sabia que vocês ficariam irritados por esperar; mas vocês não reclamariam se descessem num elevador urinado?”.
Fiquei sem reação na hora, somente pude comentar que era um dia difícil para mim, que eu não podia me atrasar justamente nele.
Pensemos. Por que tanta pressa? Posso perder o emprego? Não por um atraso. Prejudicarei meus colegas? Não por um atraso. Há evidentemente também o aspecto moral envolvido, aquele bichinho chamado consciência, que nos fica dizendo o trabalho dignifica o homem, o trabalho gera riquezas, o trabalho é socialmente aceito, etc. Mas, também torna as pessoas doentes e mata. Pelo salário? Talvez. Dinheiro dá segurança, status, comodidade. Não garante a felicidade, no entanto.
E a urina no elevador? Choca. Geralmente pensamos num animal de estimação mais afoito. Um ser humano? Com problemas renais; deve ser tão sofrido, tão desagradável, tão vexatório. Se eu soubesse antes do fato, provavelmente não ficaria tão irritado, seria solidário com a pessoa. Entenderia a demora. Ou será que prevaleceria o homem Século XXI, o turboconsumidor egoísta e mais preocupado com si próprio?
Sabe, penso que a Martha talvez tenha razão. Relaxemos e gozemos, pois a vida é extremamente curta para nos angustiarmos tanto com coisas tão insignificantes como o atraso de um elevador. E nos preocupemos mais com os sofridos humanos com os quais convivemos.

domingo, 8 de março de 2009

GOVERNO FERNANDO HENRIQUE LULA CARDOSO DA SILVA

Não fiquem surpresos com o título deste texto. O explicarei a seguir.
Há muitos críticos contando os dias, para o fim do Governo Lula. Serão mais 22 meses. Não sou de embarcar em ondas, porém reconheço que estou decepcionado com o barbudo. Os petistas, ideológicos ou não, dirão que é lamento de elite. Aliás, eu nem sabia que pertencia a uma elite.
Nasci de família humilde, porém lutadora, formada por pais operários. Estudei e muito; tive a oportunidade de lidar com professores dedicados e interessados. Consegui concluir duas faculdades, tornei-me executivo médio de uma empresa, não me deixei abater por uma demissão causada por transtornos de mercado, passei a atuar como professor e estou servidor público.
Se isso tudo me caracteriza como membro de uma elite, talvez seja de um grupo que acredita na leitura, na pesquisa, no estudo, na ação que transforma.
Mas, fixemo-nos no título deste artigo. Pode ser considerada uma piada por muitos, mas para mim houve uma administração continuada. O Sr. Fernando Henrique tentou dar dignidade ao cargo, abalado pelo desastre Collor, adotou uma filosofia gerencial mais próxima do neoliberalismo, com tons de social-democracia. Quando se esperava uma revolução vermelho-petista, o que temos hoje?
Uma reforma agrária confusa, bancos lucrando como nunca, um salário mínimo medíocre, um governo sitiado pelos fisiológicos de sempre e promessas não cumpridas de um desenvolvimento sustentável.
Temos agora uma crise econômica a nos cutucar, importada, porém presente, antes considerada uma marolinha, agora algo consistente e que deve durar pelo menos mais um ano.
A razão principal de eu considerar uma administração só reside nos meus questionamentos de sempre: o que foi feito pela saúde nacional nesses 14 anos? E pela educação? Quando teremos uma tecnologia de ponta, que nos torne solicitados e respeitados pelo mundo?
Ou continuaremos sendo um povo feliz porque possui “o melhor” futebol do mundo, um Carnaval agitadíssimo, praias lindas e um calor que beira o infernal? Presidentes, ministros, governadores, prefeitos, senadores, deputados, vereadores: NÃO BASTA O BOLSA-FAMÍLIA!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

MAIS UMA VEZ OS FÚTEIS E OS INÚTEIS

Folha de São Paulo de 11/01/09, Caderno Cotidiano, matéria Ser VIP no litoral de SP pode custar o preço de um carro.
O texto começa com uma declaração de Ana Luisa Togni, editora de moda: “Não era qualquer um que entrava na festa. Só gente bonita, de roupas, bolsas, óculos chiques. Não tinha ninguém feio. Foi lindo. Claro, nada a que não estivéssemos acostumados”. Ela estava falando de seu Reveillon, passado na praia do Curral, em Ilhabela. E ela completou: “Pra gente não tem o Guarujá, mas o Casa Grande. Se chego à praia, é imprescindível guarda-sol esperando e garçom antevendo o que quero”. No litoral norte, diz que encontrou mimos que valem o recibo de sete noites no hotel mais caro. “Aqui sabem que eu bebo bloody mary e trazem todo dia. Você nem para pensar no custo. Porque tomar drinque vendo o mar não tem preço”. O jornalista completa que custou R$ 16 mil.
O jornalista que assinou a matéria, Willian Vieira, informa que se duas pessoas chegarem de helicóptero, para sete dias na suíte mais cara de um hotel de luxo em Ilhabela, aceitando massagens, drinques e pratos “de autor”, gastarão até R$ 30 mil. Há também o custo do transfer de helicóptero, de São Paulo até um heliponto (R$ 3.000 a R$ 10 mil). Alguns hotéis ainda buscam o cliente em São Sebastião e o trazem de lancha, enquanto o carro vem na balsa.
Outra entrevistada na matéria, com direito a foto inclusive, declarou: “Se tem fila, ligo para o concièrge me buscar. Isso é VIP”. Ela e o marido chegaram da Grécia e decidiram passar uns dias no litoral norte. “Lá fora ficamos em lugares bons, mas padronizados. Aqui me conhecem, sabem o que quero, é ‘petit comité’. E exclusivo é descer para o café e o DJ tocar a música de que sabe de que gosto”.
Alguns outros números da matéria:
- diária na suíte presidencial do hotel DPNY: R$ 2.532 (tem jacuzzi, cama de dossel e terraço voltado para a praia e jantar assinado por um chef italiano, a R$ 250 o casal).
- diária do Maison Joly, a mais cara: R$ 1.700, incluindo café da manhã até meia-noite e um spa focado em jet lag, com chef preparando pratos leves, servidos após massagem ayurvédica (simultânea para casal, R$ 300).
- hotel Villa Bebek: deixa o cliente levar a academia para a praia, com um convênio com a Bioritmo (sócios malham de graça); quem não for, tem personal trainer à disposição.
- em Juqueí: um shopping busca o cliente em casa ou no hotel, espera suas compras e o leva de volta.
- praia de Bonete, isolada: os clientes chegam de barco ou helicóptero e ficam em um dos oito apartamentos da pousada Canto Bravo (diária de até R$ 375, com saída privativa para o mar).
Vou parar por aqui, pois estou quase vomitando. Até quando, num País em que vivem tantos miseráveis, tantos excluídos, tantos marginalizados, continuaremos a sustentar esses fúteis e inúteis, esses parasitas sociais?

ISRAEL E ÁRABES – A PERMANENTE AMEAÇA

A mídia sempre explora um assunto até o osso; faz parte do negócio manter os telespectadores atentos, ligados nas notícias, gerando as verbas publicitárias que permitem o seu funcionamento.
Agora, o tema de momento é o conflito Hamas versus Israel. É foguete lançado de um lado, exército poderoso atirando de outro, mortes em profusão, principalmente de mulheres, idosos e crianças, ameaças de outros países em intervirem na guerra, a proverbial fraqueza da ONU, etc.
O que me deixa estupefato é ambos os lados declararem que desejam a PAZ! Só se for o conceito antigo de paz armada; não mexam comigo, pois a retaliação pode ser desproporcional.
Basta verificar o quê a História nos demonstra. Até o Século VI, os árabes viviam em tribos; Maomé, um gênio, conseguiu uni-los através da religião, da veneração monoteísta a Alá. Depois, passou a pregar a Guerra Santa ou a expansão do Islamismo pela força, a todos os povos “infiéis”.
Posteriormente, seus sucessores chegaram até a Índia e conquistaram o Norte da África e parte da Península Ibérica. Séculos mais tarde, os turcos, também adeptos do Islamismo, dominaram parte da Europa.
E Israel? O povo hebreu vivia na Caldéia, no Iraque atual. Por uma inspiração “divina”, os hebreus se deslocaram para a Palestina e depois para o Egito. Com a liderança de Moisés, o povo hebreu retirou-se do Egito, em direção novamente à Palestina.
Nesse retorno, sob o comando de Josué, os hebreus venceram militarmente os cananeus, tomaram Jericó e dominaram as terras palestinas.
Diversas guerras envolveram posteriormente os hebreus, contra os assírios, persas, macedônios e romanos. Com a destruição de Jerusalém, no ano 70 DC, os judeus se dispersaram pelo mundo.
Após muitas perseguições, que culminaram com o Holocausto nazista, a ONU em 1947 aprovou a divisão da Palestina em dois Estados: um judeu e outro árabe. Em 1948, foi fundado o Estado de Israel; para tanto, porém, foram expulsos milhares de palestinos de suas vilas e aldeias, que se refugiaram nos países árabes vizinhos.
A partir desse fato, e não pretendo me alongar na descrição de fatos históricos plenamente tratados pela mídia, temos 60 anos de conflitos entre árabes e judeus.
Estou ficando cada vez mais convicto que religião somente serve para formar lideranças que buscam o poder, muitas vezes sem os mínimos princípios éticos.
Neste momento, há muita hipocrisia no ar. Quando o Hamas atacava Israel, poucas foram as vozes que o condenaram; agora Israel, de modo desproporcional, está cometendo atrocidades em Gaza. Teremos ainda muitas gerações que pensarão em vingança, de lado a lado.
Já que eles somente entendem a diplomacia armada, sugiro uma coisa: que tropas da ONU ocupem todas as fronteiras de Israel com os seus vizinhos e comecem a controlar a circulação de armas na região. Israel deveria se comprometer também a reduzir o seu potencial militar. Posso estar sendo utópico, mas não vejo solução em medidas puramente diplomáticas.
Não suportaria a idéia de um conflito entre judeus e árabes aqui no Brasil.

EXTINÇÃO: SERÁ A SOLUÇÃO?

A Constituição Brasileira prevê que o salário mínimo seja nacional e capaz de atender às necessidades vitais básicas pessoais e às de uma família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo.
Conforme cálculos do DIEESE, o valor desse mínimo, em outubro de 2008, deveria ser de R$ 2.014,73, para uma família de dois adultos e duas crianças (dividindo por três, pois as duas crianças, juntas, se equivaleriam a um adulto, teríamos um valor médio de R$ 671,57). Formando-se apenas o casal, portanto, a renda necessária deveria ser de R$ 1343,14.
Boa parte de nossa população, no entanto, ganha menos que isso e ainda insiste, inspirada por igrejas e pela eterna esperança, em gerar uma penca de filhos. Essas crianças, numa análise bastante simplória, poderão ser os excluídos e revoltados de amanhã, os iletrados, possíveis marginais a viver de expedientes nem sempre lícitos. Nem todos, felizmente, mas seguramente serão pessoas correndo riscos.
Como me parece não haver nenhuma intenção política de melhorar esse salário, proponho uma medida extrema: façamos uma greve demográfica – ninguém com baixo salário terá mais filhos. Diminuiríamos também o tal exército de reserva, isto é, a mão de obra que aceita qualquer emprego, qualquer salário para apenas sobreviver (as operadoras de telemarketing são um exemplo claro disso – as empresas podem demitir à vontade, pois há magotes de pessoas batendo às suas portas).
Tendo em vista que as pessoas com melhor remuneração estão optando por poucos ou nenhum filho, já, possivelmente teríamos uma redução drástica na população brasileira. Aplicando a mesma fórmula a outros países, observando-se o poder aquisitivo de cada povo, em médio prazo a humanidade seria bem reduzida e talvez até extinta. Não sou radical a ponto de desejar a extinção da Humanidade, mas a sofrida mãe Terra agradeceria, pois somos os maiores predadores do planeta.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

RONALDO OU QUANDO UMA CELEBRIDADE DEVE CALAR A BOCA

O pai do atual presidente dos EUA, quando exercia o mesmo cargo, deu na época uma entrevista em que, entre outros assuntos, informava que não gostava de brócolis. Alguns dias depois, os produtores desse vegetal fizeram com tratores um grande protesto na capital norte-americana, Washington, contra a declaração do presidente. Motivo? A opinião de uma celebridade tão famosa poderia influenciar o gosto dos consumidores, que poderiam reduzir o consumo desse produto.
Brócolis à parte, lembrei desse fato quando li, no jornal O Estado de São Paulo, de 30 de dezembro de 2008, a entrevista dada pelo Ronaldo, novo jogador do Corinthians.
Ele afirmou que sua vida particular não diz respeito a ninguém. Ora, me parece que uma vida de diversões noturnas não é compatível com a manutenção da forma física de um atleta. Não sou corinthiano, mas sei que a torcida é fanática e cobrará, seu Ronaldo, os resultados em breve.
Mas, o que motivou a escrever esse texto, foi o absoluto machismo demonstrado pelo moço, quando se referiu a sua filha, a Maria Sophia.
Declarou-se um total inútil nos cuidados necessários com a menina. Não tem leite no peito, não sabe trocar fraldas e, nesse período, conforme suas palavras "ela só chora, caga e mama".
Ronaldo, em que mundo você vive? Agora, um monte de torcedores de futebol, seus fãs, poderão dizer a mesma coisa a suas sofridas esposas; encontraram um arauto para seu comportamento não participante.
Eu me orgulho de ter limpado minhas duas filhas, de ter dado banho nas duas, de ter trocado fraldas, de tê-las feito dormir em paz com cantos suaves, de tê-las acompanhado ao pediatra, de tê-las acompanhado ao cinema e ao teatro (até em show do Menudo fui!). Penso até que fiz pouco. São as minhas melhores amigas hoje.
Você não sabe, Ronaldo, o que você está perdendo. É mais um infeliz que provavelmente, quando acabar a fama, estará entregue às traças. Pobre Maria Sophia, torço pela sua felicidade, mas com um pai desses, não sei não! Espero estar profundamente enganado, saliento, pois as pessoas podem mudar seu comportamento.

O SINO OU UM RETRATO DO BRASIL

Deu na Folha de São Paulo, de 31 de Dezembro de 2008. Em 1968, os formandos em Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, furtaram um sino de bronze, cujas badaladas marcavam o início e o fim das aulas. O mesmo tem cerca de 30 centímetros de altura e 10 quilos de peso.
Os ladrões formaram uma confraria, a Ordem do Sino, que ganhou até um estatuto em 1978. Seus membros se dedicam desde o furto a esconder o sino, considerado o símbolo da turma, mediante rodízio de posse. Todos os anos, durante um jantar comemorativo em novembro, a peça troca de mãos. O critério para ter o privilégio de esconder o sino é o maior número de participações nos jantares anuais. O sino será devolvido somente quando todos os membros da confraria morrerem; dos 93 formandos, 77 estão vivos.
Graciliano Rocha, da Folha, informa que, entre os membros da tal Ordem, estão o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, o vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ari Pargendler, e o corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Gilson Dipp.
Sigo agora com as minhas reflexões. Suponhamos que um cidadão comum, como eu, resolvesse furtar o sino ou algo semelhante de uma escola em que estivesse estudando. E fosse plenamente identificado pelo furto, como os membros da confraria.
Teria sido processado por vandalismo, talvez preso, provavelmente penalizado. Agora, os membros da confraria são "importantes"; mais vez parece predominar a regra brasileira do jeitinho, que privilegia a elite. O que esperar de profissionais que tratam a coisa pública com tanto desprezo ou, como aconteceu em Londrina, no caso médicos formandos, que tratam os seus pacientes com preconceito?
É por fatos semelhantes que alguns brasileiros, melhor preparados intelectualmente, estão indo embora, buscando uma imigração definitiva para o Exterior. Acorda povo brasileiro!