Folha de São Paulo de 11/01/09, Caderno Cotidiano, matéria Ser VIP no litoral de SP pode custar o preço de um carro.
O texto começa com uma declaração de Ana Luisa Togni, editora de moda: “Não era qualquer um que entrava na festa. Só gente bonita, de roupas, bolsas, óculos chiques. Não tinha ninguém feio. Foi lindo. Claro, nada a que não estivéssemos acostumados”. Ela estava falando de seu Reveillon, passado na praia do Curral, em Ilhabela. E ela completou: “Pra gente não tem o Guarujá, mas o Casa Grande. Se chego à praia, é imprescindível guarda-sol esperando e garçom antevendo o que quero”. No litoral norte, diz que encontrou mimos que valem o recibo de sete noites no hotel mais caro. “Aqui sabem que eu bebo bloody mary e trazem todo dia. Você nem para pensar no custo. Porque tomar drinque vendo o mar não tem preço”. O jornalista completa que custou R$ 16 mil.
O jornalista que assinou a matéria, Willian Vieira, informa que se duas pessoas chegarem de helicóptero, para sete dias na suíte mais cara de um hotel de luxo em Ilhabela, aceitando massagens, drinques e pratos “de autor”, gastarão até R$ 30 mil. Há também o custo do transfer de helicóptero, de São Paulo até um heliponto (R$ 3.000 a R$ 10 mil). Alguns hotéis ainda buscam o cliente em São Sebastião e o trazem de lancha, enquanto o carro vem na balsa.
Outra entrevistada na matéria, com direito a foto inclusive, declarou: “Se tem fila, ligo para o concièrge me buscar. Isso é VIP”. Ela e o marido chegaram da Grécia e decidiram passar uns dias no litoral norte. “Lá fora ficamos em lugares bons, mas padronizados. Aqui me conhecem, sabem o que quero, é ‘petit comité’. E exclusivo é descer para o café e o DJ tocar a música de que sabe de que gosto”.
Alguns outros números da matéria:
- diária na suíte presidencial do hotel DPNY: R$ 2.532 (tem jacuzzi, cama de dossel e terraço voltado para a praia e jantar assinado por um chef italiano, a R$ 250 o casal).
- diária do Maison Joly, a mais cara: R$ 1.700, incluindo café da manhã até meia-noite e um spa focado em jet lag, com chef preparando pratos leves, servidos após massagem ayurvédica (simultânea para casal, R$ 300).
- hotel Villa Bebek: deixa o cliente levar a academia para a praia, com um convênio com a Bioritmo (sócios malham de graça); quem não for, tem personal trainer à disposição.
- em Juqueí: um shopping busca o cliente em casa ou no hotel, espera suas compras e o leva de volta.
- praia de Bonete, isolada: os clientes chegam de barco ou helicóptero e ficam em um dos oito apartamentos da pousada Canto Bravo (diária de até R$ 375, com saída privativa para o mar).
Vou parar por aqui, pois estou quase vomitando. Até quando, num País em que vivem tantos miseráveis, tantos excluídos, tantos marginalizados, continuaremos a sustentar esses fúteis e inúteis, esses parasitas sociais?
Um comentário:
Profis, essa sua última pergunta ficará ecoando na minha cabeça por um bom e longo tempo...Caraca!!! Eu realmente não sei... =(((
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