Tenho lido e ouvido uma frase constantemente: BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO! Com ela, vem sempre a reclamação quanto aos ativistas pelos direitos humanos, que seriam mais preocupados com o bem estar dos criminosos do que em defender as vítimas.
Quando debato o assunto, sempre penso que o Brasil é o país do fim do mundo. Reunimos o que de melhor existe no mundo, em termos de criatividade e valores comportamentais mas, ao mesmo tempo, nos chafurdamos na ignorância educacional e no obscurantismo religioso.
A criminalidade aumentou? Ora, estatísticas. Falta dimensão histórica ao pensamento do nosso povo. Nasci num Brasil com 50 milhões de habitantes, aproximadamente. Hoje somos uns 200 milhões e a infraestrutura não acompanhou esse crescimento demográfico.
Quando eu era criança, obviamente já ocorriam furtos, roubos, assassinatos, estupros e corrupção política. Havia a figura quase romântica do malandro, do batedor de carteira. Com o passar dos anos, os objetos furtáveis aumentaram em número: automóveis, motos, bicicletas, celulares, notebooks, tablets, tênis de marca, bonés especiais, caixas eletrônicos, cartões de crédito, cartões de Bilhetes Únicos, alimentos em supermercados; fora os crimes virtuais sofisticados.
O ser humano vive esse carma biológico: é o ser mais criativo da Terra, mas também o mais destrutivo. Assim, nada mudou nesses milhares de anos. O confronto entre o que consideramos Bem e Mal continuará sendo o desafio humano constante.
No caso brasileiro, a lei protege os mais poderosos. É mais fácil um ladrão de salame ficar preso, do que um empresário assassino. Precisamos inicialmente, em minha opinião, dar uma chacoalhada na cultura nacional que preserva e valoriza tanto os homens de bem, as celebridades. Cultuamos exageradamente nossos políticos e magistrados, nos encantamos com lideranças sociais que nem sempre agem eticamente.
Não há soluções fáceis. Investir em educação e saúde é um tema deveras conhecido e pouco praticado; preferimos empregar dinheiro e muito em estádios monumentais. Pão e circo para a população carente. Falar em planejamento familiar se torna tabu.
Precisamos ainda de um justiça mais equânime. E lutarmos para que nossos presídios:
- deixem de ser depósitos de carne humana
- deixem de ser escolas do crime
- permitam efetivamente a recuperação social de parte dos criminosos
Precisamos de uma polícia mais inteligente, que se antecipe aos atos criminosos e não fique somente na repressão. Precisamos impedir a chegada de armas tão fácil para as mãos de criminosos. Precisamos repensar o tratamento dado aos psicopatas. Precisamos colocar os corruptos e corruptores na cadeia. Quanto à redução da menoridade penal, considero o tema espinhoso, mas que precisa ser discutido. Há meninos e meninas que ultrapassaram os limites e têm cometido crimes hediondos. Portanto, tudo isso é tarefa para verdadeiros Hércules. Não existe segurança absoluta; vejam o exemplo dos EUA, que possui uma população carcerária enorme, mas onde ocorrem crimes violentos de todo o tipo. Mas, precisamos agir para pelo menos minimizar esse medo que percorre todos nós quando saímos de casa.