quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

MÃES E CRIMES

2008 foi um ano pródigo em crimes que despertaram o interesse da mídia e mantiveram os telespectadores, principalmente estes, atentos à programação.
No meu caso, fiquei cismado com um tema pouco explorado nessas situações: o papel das mães, tanto de vítimas como de suspeitos.
Citemos alguns exemplos. O promotor Thales Ferri Schoedl atirou e matou Diego Modanez; foi absolvido pelos seus pares sob o argumento de legítima defesa. De um lado, sua mãe o apoiou integralmente; de outro, ficou a gritar por justiça a mãe de Diego.
Renato Correia Brito, William de Brito Silva e Wagner da Silva foram condenados em primeira instância pela acusação de assassinato de Vanessa Batista de Freitas. A mãe dos dois primeiros sempre alegou que eram inocentes da acusação. Quando um outro suspeito confessou o crime, ela se regozijou com o fato. No entanto, a mãe de Vanessa insistiu pela mídia sobre a culpabilidade dos três.
E a mãe de Lindemberg Alves, como ficou? Muitos consideravam o rapaz calmo, trabalhador, sério. De repente, descobrimos que ele pode ser considerado um psicopata, obcecado pela namorada. E a mãe de Eloá Pimentel, assassinada por ele? Ela na verdade assumiu os papéis de mãe e pai, pois seu marido era foragido da justiça alagoana.
Será que ser mãe é realmente padecer no Paraíso? É defender sua prole mesmo quando esta se apresenta como um perigo para os demais membros da sociedade? Até que ponto uma mãe tem o direito natural de ferir princípios éticos, preservando a sobrevivência da espécie?
Deixo aqui um desafio para um estudo a ser feito pela Ciência.

HABEMUS OBAMA

Um negro na Casa Branca! A mídia nacional e internacional se preocupou muito com esse fato, esquecendo que Barack Obama teve educação multicultural, sendo filho de uma mãe branca com valores progressistas.
Ora, não existe por princípio uma etnia melhor; você encontra pessoas com comportamento equilibrado, entre negros, brancos e orientais; como também psicopatas nos três grupos.
Lá no íntimo de todos, porém, há um cansaço extremo com a doutrina Bush de superioridade da cultura ocidental. Reside aí a esperança que muitos povos estão concentrando na nova administração dos EUA, que assume em 2009.
Obama terá pela frente desafios históricos nunca enfrentados pelo seu país. Os EUA se tornaram, para o positivo e o negativo, a grande referência cultural, os novos centuriões romanos a distribuir mísseis e afagos pelo mundo todo.
Como vários especialistas estão salientando, ele deverá se dedicar inicialmente a recuperar a economia norte-americana, a injetar confiança no seu povo.
Depois, se houver condições para tanto, ele terá que descascar os abacaxis da política externa. Até quando os EUA permanecerão no Iraque? Como será a política de intervenção no Afeganistão? Existe real possibilidade de uma paz entre Israel e os palestinos? Como combater a Al-Qaeda sem novas intervenções militares? Como impedir que o Paquistão e a Índia entrem num novo conflito militar aberto? A Rússia parece estar querendo uma nova Guerra Fria; perigo à vista. Como agir com o Irã?
Para o Extremo Oriente, temos incógnitas a resolver. A China continua investindo em crescimento econômico, o Japão enfrenta o dilema entre preservar a sua cultura milenar e absorver valores ocidentais, a Coréia do Sul cresce como potência tecnológica e a Coréia do Norte quer manter contatos com o Ocidente, porém mantendo o seu programa nuclear. É um desafio para o multiculturalismo: respeitar essas culturas, porém protegendo a cultura própria, no caso a norte-americana.
E a América Latina nesse contexto? O Brasil parece ser empurrado para uma liderança, ao mesmo tempo natural, pela sua pujança econômica, e indesejada, porque abrirá conflitos antigos e novos com os nossos hermanos. Há um novo populismo crescendo na América Latina, que junta socialismo, indianismo e autoritarismo, que pode gerar até guerras civis. A coisa pode se agravar, pois em 2010 o Brasil elegerá um novo Presidente, que talvez não seja palatável para países como a Venezuela, a Bolívia, o Equador e o Paraguai. Como apoiar esses países, na luta que parece eterna em melhorar a educação e desenvolver tecnologia? E Cuba?
Ainda há o compromisso de Obama em combater o aquecimento global. Ele enfrentará resistências internas seriíssimas, principalmente dos produtores de petróleo e carvão.
Não gostaria de estar na pele dele, sinceramente. Voltando ao início do texto, temo até pela segurança física dele; existem nos EUA uns malucos que defendem a supremacia branca, que adorariam matar negros e descendentes. Como sou agnóstico, somente me resta torcer para que isso não ocorra.
O que eu faria se assumisse a Presidência dos EUA? De cara, fecharia a prisão de Guantánamo e prenderia todos os torturadores da CIA. Convocaria o governo cubano para um diálogo franco e autêntico. E exigiria de Israel um compromisso com a paz. Mas, não sou norte-americano e nem sou o Obama. Deus salve a América! (se Deus existir!).

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

RELACIONAMENTOS LÍQUIDOS

Já escreveram que tudo que é sólido desmancha no ar. Mas, não quero ser saudosista. Porém, tenho a impressão que os relacionamentos atuais, sejam de amizade, amores apaixonados, trabalho ou estudo, estão cada dia mais se desmanchando, se derretendo, se consumindo.
Na Av. Paulista, eu me habituei a almoçar no Shopping Center 3, no restaurante Salada Paulista. A comida não era excepcional, mas havia muitas saladas propícias para um sujeito como eu, em dieta permanente.
Mas, me apaixonei pelo atendimento, principalmente o de algumas garotas, belas no seu típico físico, alegres sempre que possível, doces e maravilhosas como somente algumas mulheres conseguem ser. Não paquerei ninguém, já aviso os incautos. Mas, me sentia muito bem na presença delas.
Um dia almocei em outro lugar; parecia que o meu sexto sentido estava me avisando que a rotina iria mudar drasticamente.
No dia seguinte, surpresa! O restaurante fechou! Pelo que descobri até agora, o Shopping exigiu uma reforma geral do restaurante. E o dono do local optou por fechar o local, demitindo todos os funcionários. Não sabemos se voltará a operar.
Continuo triste até agora; se não foram amizades íntimas, pelo menos animavam minha vidinha tão chata às vezes. Torço pela felicidade de todos.

VIROSE!

Não sei o que os médicos modernos fariam sem a palavra Virose. Há duas semanas, tomei um café em livraria na Av. Paulista. Cheguei em casa e degustei um jantar razoável.
De madrugada, que tormento! Febre interna, calafrios, tontura, vômito e diarréia. Esta última durou 4 dias!
Descobri que não voltaremos ao pó, como afirma a Bíblia e sim a algo muito pior, malcheiroso e líquido.
Corri no segundo dia para um pronto-socorro e ouvi o diagnóstico: VIROSE. Recomendação médica: repouso e muito líquido. Ora, isso eu já estava fazendo. Perdi compromissos importantes, fiquei sem ânimo para quase nada, enchendo o saco da minha família.
Somente tive um consolo. Minha gatinha siamesa, a Luna, somente sossegou quando percebeu que melhorei. Ficou o tempo todo ao meu lado. E ainda dizem que os gatos não amam os donos!
Até a próxima Virose.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

MORTE

Faleceu na semana passada a sogra da minha filha Ingrid. Foi um susto. Ela vinha há muitos anos com problemas cardíacos, motivados principalmente pela doença de Chagas. Tudo indica que morreu num sopro, sem grandes sofrimentos, como um passarinho (esta é uma expressão bem antiga).
O marido ficou muito chocado, quase sem controle, à beira de um processo depressivo. O filho, meu genro, instruído nos dogmas budistas, recebeu a notícia aparentemente mais calmo, mas no enterro demonstrou todo o sofrimento acumulado, sendo amparado pelos amigos.
Mas, o que deveríamos fazer neste momento? 10 mil anos de civilização, e outro tanto de estudos religiosos e filosóficos, ainda não nos ajudaram a encarar a morte como fenômeno natural. Sempre haverá aqueles que lamentarão profundamente a morte ocorrida, mesmo que anunciada, aqueles que lembrarão momentos significativos que passaram com a pessoa falecida, aqueles que farão projeções para o futuro dos sobreviventes, aqueles que lamentarão ter deixado pendências emocionais com ela, os que querem efetivamente se solidarizar, bem como os críticos, os hipócritas e os oportunistas.
Nos últimos dias, a morte tem se apresentado para mim, de modo bem nítido. Além da Dona Conceição e do falecimento de celebridades, soube pelo Orkut que nos deixaram uma antiga namorada (isso há 20 anos!) e uma grande amiga dos tempos da FAAP (há um ano).
Com todas, tive pendências. A Dona Conceição pretendia visitar o meu apartamento; não houve tempo para tanto. E eu nunca disse à minha ex, Rosa, e à minha amiga, a Noêmia, o quanto eu gostava delas e o quanto eu lamentava estar afastado delas.
Como me escreveu outro amigo da FAAP, o Renato Modernell, a vida é repleta de escolhas e nem sempre são as melhores.
O filósofo André Comte-Sponville, em seu livro Apresentação da Filosofia (Martins Fontes) escreve que ““Na morte, uns vêem uma salvação, que talvez alcancem, ou também, a expressão é de Platão, “um bom risco a correr”. Os outros, que não esperam nada, salvo o nada, vêem nela porém mais ou menos um descanso: o desaparecimento do cansaço. As duas idéias são amenas, ou podem ser. É para isso que a idéia da morte pode servir: para tornar a vida mais aceitável, por meio da esperança, ou mais insubstituível, por meio da unicidade. Em ambos os casos, mais uma razão para não a desperdiçar””. E ele finaliza “é preciso pensar a morte para amar melhor a vida – em todo o caso, para amá-la como ela é: frágil e passageira -, para apreciá-la melhor, para vivê-la melhor”.
Deixo vocês com essas penetrantes palavras.

OLIMPÍADAS

Foram duas semanas impactantes, para quem assistiu as competições, evidentemente. A China resolveu mostrar ao mundo o que pode fazer de melhor, em termos de tecnologia, organização e prática esportiva.
Os problemas do país, pobreza em muitas regiões, falta de liberdade de expressão, repressão a dissidentes e controle duro das minorias étnicas, foram bem “disfarçados”. Mesmo a poluição foi controlada por medidas extremas, como a quase proibição na circulação de veículos.
No Brasil, fomos obrigados mais uma vez a suportar as patriotadas. Muitos atletas, que conseguiram medalhas no último Pan e outros que se destacaram em mundiais e torneios posteriores, não conseguiram bons resultados em Pequim. Ora por nervosismo evidente, ora por incompetência no momento decisivo, ora pelo fato do adversário ter superado os seus limites.
Conseguimos nos manter ainda fortes no Vôlei, no Iatismo e no Judô (9 medalhas no total), fracassamos parcialmente no futebol (duas medalhas, mas sem o esperado ouro) e conseguimos feitos inéditos (medalhas na Natação, Atletismo e Taekwondo, quatro no total).
Nossos cronistas esportistas televisivos me angustiaram. Fora os erros de informação, normais numa cobertura tão extensa e alguns oriundos do total desconhecimento da cultura chinesa, se comportaram mais como torcedores do que jornalistas críticos. Era uma gritaria que muitas vezes não justificava o resultado obtido. Passei a assistir com a TV selecionada para mudo. Ora, muito jornalista depende que os esportes cresçam no Brasil, para garantir o seu emprego.
Como este País geralmente não aprofunda a discussão de seus problemas, tudo que for escrito nos próximos dias, elogios, críticas ou denúncias, ficará no vazio. O governo federal investiu muito em patrocínio de atletas, levou a maior delegação brasileira já vista em Olimpíadas, mas o próprio Lula considerou a participação brasileira como razoável.
Há muito tempo que os jogos olímpicos se tornaram vitrines políticas. No tempo da Guerra Fria, EUA, de um lado, e a URSS e seus países satélites se digladiavam em busca de medalhas. Depois, os países chamados livres se impuseram. Agora, foi a China que se esforçou por 8 anos seguidos para, em número de medalhas de ouro, superar os EUA. Internamente, esse fato reforçará o poder do Partido Comunista e sua política de socialismo capitalista.
Chovendo no molhado, porque vários especialistas já escreveram a respeito, o Brasil somente será uma potência esportiva quando tivermos saúde e educação de qualidade. Até lá, nos contentaremos em estar entre os 30 países mais medalhistas e suportarmos a mídia manipuladora.

MISÉRIA NACIONAL

Fiquei ensimesmado com duas reportagens publicadas recentemente, uma pelo Estadão (Férias Escolares Agravam Penúria, em 28/06/2008) e outra pela Folha de São Paulo (Bolsa Família “Perde” Para a Cesta Básica, de 29/06/2008). Demorei inclusive para escrever este texto, porque queira fugir dos preconceitos e estereótipos.
A matéria do Estadão focava uma dona de casa, Ana Cristina Souza, 31 anos de idade, mãe de cinco crianças e grávida da sexta. Ela recebe o Bolsa Família de R$ 112 e o marido ganha R$ 600 mensais, como ajudante de obra.
O tema da matéria era a situação difícil em que muitas famílias ficam, quando chegam as férias escolares. Nessa época, as despesas com alimentação aumentam, pois as crianças perdem o acesso à merenda escolar (lanche e almoço).
A Folha abordou que o valor da Bolsa Família, mesmo com o ajuste anunciado pelo Governo Federal, de 8%, continuaria defasado em relação ao valor da cesta básica.
Duas famílias de Pernambuco foram apresentadas no artigo, a de Sueli Dumont e a de Micinéia dos Santos, ambas com 36 anos de idade. Micinéia é mãe de três filhos, com 9, 8 e 6 anos de idade. Além da Bolsa Família, seu marido está plantando feijão para ajudar nas despesas de casa.
Sueli, por outro lado, recolhe garrafas PET em um lixão (ganha R$ 0,80 por saco), para por comida na mesa. Sua situação é crítica. Mãe de oito filhos, o mais novo com três anos de idade. Três das suas filhas já são mães adolescentes: a Kássia, 19 anos de idade, possui dois filhos, sua irmã gêmea, Késsia, estava grávida de 5 meses, e a Priscila, 16, também tem um filho. Na reportagem, todas aparecem sorridentes. A Kássia fez um curso de cabeleireira, pelo qual sua mãe recebeu ajuda estatal. Ao terminar, não arrumou emprego e, além disso, ficou viúva, pois o marido morreu afogado este ano.
Muitas vezes ouvi que desgraça pouca é bobagem. Mas, lendo essas matérias, baixou uma angústia, um desprezo pela cultura deste País, um asco em relação às políticas públicas.
Os governos anunciam que a vida no Brasil melhorou, que se formou uma nova classe média, consumidora. Mas, e os miseráveis? Não podemos abandoná-los à sua própria sorte e, nesse contexto, o Bolsa Família é uma ajuda aceitável. Porém, e o futuro? Onde está o compromisso dessas famílias com a responsabilidade social, com o bem estar geral de seus filhos? Continuarão a gerar mais miseráveis, sem perspectivas, a não ser a marginalidade social? Está passando a hora de um planejamento familiar mais rigoroso. Posso estar sendo simplista, mas não vejo esperanças para famílias como essas das matérias.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

MILITARES CHEGANDO, CUIDADO!

Que povo é esse que não se indigna mais com a violência? Que aceita calado a morte de jovens indefesos, nas mãos de militares tão imbuídos de espírito justiceiro?
Ora, não se pedia que o Exército brasileiro exercesse o papel de polícia, mesmo sem o mínimo preparo operacional para tanto?
Desde quando o militar é uma vestal, imune à corrupção e ao crime?
Temos agora uma situação dramática. Os bandidos tomaram conta de parte do Rio de Janeiro; a polícia carioca ou é omissa, ou é corrupta ou é violenta. Aparentemente, poucos policiais conseguem exercer com eficácia o seu verdadeiro papel. O clamor nacional pede então os militares e acontece essa sujeira, essa desumanidade.
E ficamos indiferentes. Preocupados com os nossos umbigos; pior, mais atentos ao desempenho da seleção brasileira de futebol e a uma possível demissão do Dunga.
Mais mediocridade? Até quando não tomaremos conta do nosso destino e faremos do Brasil um verdadeiro país?

MEUS AMIGOS NIKKEIS

100 anos, hein turma?! Vocês estão ficando velhinhos e velhinhas, risos. Eu não poderia me omitir nessa data e tentar, mesmo que toscamente, homenagear essa colônia que tem sido tão importante em minha vida.

Quando era rapaz (fui isso um dia e tinha fartos cabelos), parecia um verdadeiro bicho do mato (muito mais do que sou hoje) e a colônia me entendeu e me ajudou a quebrar parte da timidez, a enfrentar barreiras sociais.

Conheci então a fantástica culinária japonesa (quem lembra da Yaohan e seu magnífico restaurante?); cometi aquelas gafes que todo iniciante faz, mas hoje não consigo passar duas semanas sem a saborear.

Estudei na FAAP, onde predominavam os descendentes de japoneses; muitos comunicadores e artistas plásticos se formaram lá e aprendi com eles a ser civilizado.

Apaixonei-me também pela mulher oriental, esse ser divino, que não precisa de artifícios estéticos para ficar mais bela. Uma delas me ensinou que a vida pode ser cada vez mais importante, desde que você dê atenção aos pequenos detalhes dos relacionamentos, como cortesia e atenção.

Casei com outra nissei; como todo casamento, temos nossas tempestades, mas estamos juntos há 31 anos. Temos duas filhas incríveis, uma de comportamento bem oriental, a outra, que mistura bem latinidade com orientalismo. Não concebo a minha vida sem essas duas meninas. A mais velha, casada agora com um verdadeiro samurai (cuja história mereceria um livro, pois descende de três etnias), está estudando japonês com muito afinco.

Não posso esquecer a minha sogra. Aliás, não contem piadas sobre sogras perto de mim, me verão ficar em fúria. Foi uma mulher adorável, minha segunda mãe, que me salvou de situações bem difíceis e me apoiou em momentos críticos.

Na Justiça Federal, onde atuo, convivo com muitos nikkeis que sempre têm uma palavra gentil e um sorriso amigável. Graças a isso consigo suportar os maiores estresses profissionais possíveis.

Um abraço a todos. Ontem, cumprindo quase um ritual, degustei alguns pratos da culinária nipônica. Foi a melhor maneira de comemorar a data.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

LIBERARAM AS DROGAS!

Não ensandeci, não precisam chamar os psiquiatras, estou racional. Nem estou falando de políticos, nossos e de outros países. Apenas gostaria de narrar uma fábula, que pode acontecer um dia, pois há muita gente, principalmente os mais abonados, que querem a liberação total das drogas.
Um determinado presidente, pode ser o Lula Paz e Amor, o Serra Vampiro ou o Aécio Comedor Quieto, resolveu liberar nacionalmente as drogas.
Surgiu um primeiro impasse: o que fazer com todos os traficantes enjaulados pela polícia. Após muito debate e sopapos no Congresso Nacional, decidiram por uma anistia proporcional. Os pequenos traficantes, segundo critérios misteriosos, seriam liberados imediatamente, os médios e grandes tiveram suas penas reduzidas em um terço; quanto aos assassinos, suas penas foram reduzidas em apenas 10%.
Muitos empreendedores montaram então suas fabriquetas de cocaína, maconha embalada e outros drogas. Dependendo do capital, alguns conseguiram se instalar até nos Shoppings da moda. Alguns especializações profissionais se formaram: o transportador de matéria-prima, o armazenador, o operário produtor da droga, o almoxarife especializado, o distribuidor, etc.
Consultores dos EUA, da Bolívia e da Colômbia foram contratados a peso de ouro, na fase inicial dos projetos. Uma atividade passou a render muita grana - o degustador, que podia validar ou não a qualidade da droga produzida.
As faculdades de Administração incluíram em seus currículos módulos de apoio gerencial para os empreendedores que entraram no novo ramo de atividades; até igrejas viram no assunto uma nova fonte de recursos. E toma muita propaganda maciça na televisão, anunciando a qualidade da cocaína X, da maconha Y, da droga Z.
No entanto, teve início também uma nova onda de crimes e desastres. Alguns produtores não respeitaram as leis ecológicas e destruíram alguns ecossistemas; surgiram denúncias na imprensa quanto a experimentos de drogas novas com animais indefesos. Outros, tendo em vista a forte taxação efetuada por alguns governos estaduais, continuaram fabricando drogas clandestinamente. A polícia teve que intervir, para destruir droga contrabandeada ou mesmo falsificada. Foi até criado um selo de qualidade governamental, atestando a qualidade de drogas produzidas.
Alguns usuários de drogas insistiram em abusar do consumo; atropelaram pessoas seguidamente e cometeram furtos e assassinatos, sob o efeito das mesmas. Foram necessárias novas leis, que punissem drasticamente os crimes efetuados nesses casos. Para muitos médicos e hospitais, a vida virou um inferno. Além de tratarem fumantes e alcoólatras, passaram a lidar com grandes massas de viciados em cocaína e outros produtos semelhantes.
O Brasil foi acusado, nas Nações Unidas, de acelerar a destruição da cultura de alguns países mais pobres, por vender tanta droga ao exterior. Até Ministério o governo brasileiro criou, pois a cocaína passou a ser o nosso produto de exportação mais rentável. Alimentos também escassearam, pois grande parcela das terras cultiváveis nacionais foram utilizadas para o plantio de coca e maconha.
Nesse momento, há um movimento nacional para criminalizar as drogas novamente.
Delírio? Ou apenas um alerta?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Por que não falo da Conjuntura Política

Tanta coisa acontecendo no mundo e eu não as comento neste espaço. Crise entre Lula e FHC, sobre gastos de presidência, envolvendo a durona Dilma, briga interna no PSDB, em São Paulo, indeciso entre Alckmin e Kassab, epidemia de dengue no Rio de Janeiro, greve da polícia na Bahia, etc.
Sou envolvido com política, desde os meus 7 anos de idade. Meu pai era janista. Depois veio o Golpe Militar de 64. Votei sempre no MDB. Trabalhei pela candidatura do Fernando Henrique, para a Prefeitura de São Paulo. Pedi votos para a Erundina, em São Paulo. E para o Lula, contra o Collor. Fui filiado por alguns anos ao PSDB; trabalhei intensamente pela eleição do Covas.
Depois de tanto tempo, cheguei à conclusão que quase todo político é mentiroso. Existe o idealismo de alguns, o fundamentalismo de idéias de outros, a manipulação do poder por muitos e o fisiologismo da maioria. Não é exclusividade brasileira, mas criou-se a figura do político profissional. Este parece um verdadeiro camaleão - sempre que pode, está vinculado ao poder. Não existe muito compromisso moral com bandeiras sérias e muito menos com ideologias. E há casos de políticos determinados e honestos que são engolidos ou pela estrutura corrupta de seus partidos ou pela ação criminosa de assessores.
Além disso, muitos cronistas e jornalistas profissionais abordam essas questões políticas com maior qualidade e conhecimento do que eu. Sempre recomendo a leitura assídua de jornais e a participação política intensa dos cidadãos.
Este ano é novamente eleitoral. O PT quer eleger a maior quantidade de prefeitos possível. Sinceramente, não estou motivado a votar em ninguém. Tenho críticas à administração Kassab, considero o Alckmin muito presunçoso e a Marta não me agradou como prefeita. Portanto, pretendo pouco escrever sobre o tema. Não me cobrem!

domingo, 30 de março de 2008

COMO PROTEGER A NATUREZA!

Estamos sendo bombardeados, diariamente, sobre notícias tétricas sobre a Natureza. Descongelamento de geleiras, fissuras em blocos de gelo dos pólos, desmatamento acelerado, extinção de milhares de espécies animais, poluição sendo exportada pelo Estado de São Paulo, chuvas torrenciais onde chovia pouco, desertificação, terremotos imprevistos, etc.
Fala-se muito em reciclagem. Eu mesmo estou separando dois terços do meu lixo, para reaproveitamento pelas indústrias. Discute-se muito o conceito de desenvolvimento sustentável, aliado ao consumo responsável.
O cientista Paulo Vanzolini, em entrevista na Folha de São Paulo, detonou esse conceito de desenvolvimento, utilizando um argumento simplório. Enquanto pessoas estiverem nascendo, terão que consumir pelo menos alimentos. Podemos concluir, a partir dessa afirmativa, que mais terras serão desmatadas, mais consumo teremos, mais poluição obteremos. E os demais animais, exceto talvez os insetos, os ratos, as bactérias e os vírus, terão que ser expulsos dos seus habitats naturais, para dar espaço ao homen sapiens.
Não seria o momento de pensarmos mais dramaticamente? Queremos efetivamente que a Terra tenha algum futuro? Além de diminuirmos o consumo, não seria o momento de congelarmos o crescimento populacional? Temos hoje instrumentos técnicos para tanto: podemos dissociar o prazer sexual da geração de mais crianças. Basta o uso de uma camisinha ou, em casos mais extremos, de cirurgias como a vasectomia e a ligação das trompas. Se conseguirmos que a população do planeta fique brecada nos atuais 6 bilhões, já seria um grande sucesso. Mas, poderíamos ir além e baixar esse número para 3, ou até mesmo 2 bilhões de habitantes.
Não sou radical. Sei de movimentos no Exterior que propõem até a extinção pura e simples da Humanidade. Não gozam de minha simpatia e apoio, mas seus argumentos são poderosos.
Está na hora de pensar. Meu avô se tornou avô lá pelos 40 anos de idade, meu pai com 51 e eu, provavelmente, o serei com uns 58. Espero que a minha neta ou neto, se acontecer, sejam avós com uns 60 ou mais anos de idade. Precisamos nos educar para tanto.

NOVO SHOPPING, EU MEREÇO!

Moro, caros amigos, desde 1986 no bairro da Pompéia, Distrito das Perdizes, São Paulo - Capital. Antes uma região operária, ao longo dos últimos 30 dias foi se transformando, de um mero apêndice do Perdizes dito nobre, para um novo refúgio da classe média paulistana. Agora, essa transformação parece que sofrerá um novo impulso, com a inauguração de um novo Shopping, o Bourbon do grupo gaúcho Zaffari.
Há três dias, estou me divertindo com as manifestações consumistas dos meus vizinhos. Gente andando para ver a novidade, correndo até, uma grande quantidade de automóveis, trânsito apertado, buzinaços sem limite, gente deslumbrada, as melhores roupas tiradas dos armários, praça de alimentação lotadíssima.
Os cientistas sociais poderiam aproveitar esses dias para escrever suas dissertações de Mestrado e teses de Doutorado. Todas as tribos já passaram pelo local, até os pseudo-intelectuais como eu. O perfil de consumo, como dizem os homens de marketing, ainda não está completamente definido. Mas, alguns indícios estão aflorando nesse sentido. Uma garota, ao passar por mim e pela minha filha, ainda na rua, comentou com um amigo: "aqui não teremos as baianinhas". Outro garoto, aparentemente de menos posses, falou para um amigo: "quanta mina bonita tem aqui!". Outro grupo de garotos, também com pouca grana, estava andando pelo Shopping à procura de uma alimentação mais barata. Vi gente usando roupas na última moda, "chique no urtimo", como dizem os sertanejos modernos. Outros estavam vibrando por poderem comprar alimentos de elevado padrão, no supermercado.
Estaríamos caminhando então para mais um processo de separação social - quem puder consumir, que me parece ser o grande objetivo das classes A, B e C, encontrou um novo local para saciar a sua vontade. Os demais, se contentarão com alguma eventual oferta comercial ou terão que procurar outro local. Como parece que o Shopping West Plaza também se modernizará (leia-se mais sofisticação), tudo indica que os pobres da região serão escorraçados para mais longe, deixando os pequenos burgueses mais tranquilos para viverem a falsa ilusão de um país desenvolvido, sem miséria evidente.
Como concluir este texto? Não sou consumista; já usei o Shopping duas vezes: para tomar um café no Starbucks e almoçar num restaurante árabe (não foi o Almanara!). A parte cultural (cinemas, teatro e livraria) não foi inaugurada. Como a ignorância e o comportamento anti-social não tem classe, fico sempre indignado com quaisquer manifestações de racismo e preconceito que percebo nas pessoas. Mas, estou incluído nestes tempos modernos em que o importante é a aparência social; procurarei ser um bom vizinho do Shopping e cooperar para a boa convivência entre as pessoas.

sexta-feira, 14 de março de 2008

ELIMINARAM A PITANGUEIRA!

Era bom demais para continuar. Escrevi aqui antes sobre uma pitangueira que encontrei em plena Av. Paulista, São Paulo.
Como muitos devem saber, estão trocando o piso das calçadas dessa avenida. Não entrarei no mérito sobre a necessidade dessa troca (o piso antigo estava horrível em muitos lugares) e nem sobre a estética do novo (preferia um mais colorido, talvez verde e branco, em homenagem ao Palmeiras), mas é uma obra complicada pois afeta diariamente a vida dos usuários do local.
Li em jornais que o projeto de reforma prevê o plantio de muitas árvores (acompanhemos se isso irá ou não acontecer).
Porém, a pitangueira desapareceu! Os trabalhadores da obra foram paulatinamente retirando a terra que existia em volta dela. E hoje verifiquei que ficou apenas um buraco onde ela existia. É uma pena! Será que ela foi replantada em outra região? Difícil saber agora. Mas, a avenida, pelo menos para mim, ficou mais triste, mais feia.
O Prefeito Kassab, na sua ânsia de ser reeleito, fez então sua primeira vítima, se a pitangueira não voltar. Deixo aqui o meu singelo, humilde e solitário protesto.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Fidel, a Eterna Sombra

Não é fácil escrever sobre Fidel Castro, sem tomar algum partido. Em casa mesmo, tivemos discussões homéricas sobre o assunto, que não chegaram a conclusões explícitas.
Mas, vamos aos fatos:
- no tempo de Fulgêncio Batista, Cuba não passava de um quintalzão dos EUA, onde predominavam os jogos de azar e a prostituição.
- dissidentes eram perseguidos cruelmente.
- líderes revolucionários, entre eles Fidel e Che Guevara, com muita coragem pessoal derrubaram o ditador.
A partir deste momento, a História, sempre ela, se desdobrou em vertentes. Os EUA, na minha opinião em mais um erro de estratégia diplomática, resolveram defender os direitos de seus tão bonzinhos cidadãos e passaram a boicotar o regime cubano.
Fidel e seus comandados, na ânsia de buscar apoio externo e com uma intenção deliberada de se vingar dos EUA, adotaram então princípios marxistas mais evidentes e se aliaram à causa soviética. E tentaram espalhar a tal "revolução" para outros países da América Latina, com pouco sucesso.
Na verdade, houve avanços claros na sociedade cubana, sob a liderança de Fidel. Bons investimentos em saúde e na educação, principalmente. Os negros cubanos são hoje os mais socialmente integrados do mundo, gozando de uma qualidade de vida e respeito que não encontram em outros países do mundo.
Mas, Fidel cometeu também seu grande erro. Passou a se considerar como o único em condições de governar o país, o que redundou numa ditadura terrível para os eventuais dissidentes. Novas lideranças não se formaram, muita gente fugiu de Cuba e a economia, após o fim da URSS, tornou-se um desastre galopante.
O que fazer agora? Fidel, apesar de "aposentado", continuará atuando nos bastidores. Os EUA exigem, para o fim do seu boicote, uma liberação do regime, que pode redundar em outros desastres se não for bem administrada. O caos econômico seria o menor deles.
Aconselho muita calma neste momento. Rompantes machistas de lado a lado não ajudarão em nada o povo cubano, nem iniciativas pró-capitalistas imediatistas e oportunistas. A libertação de todos os presos políticos e o restabelecimento do direito de reunião, a todos os dissidentes do regime, seria um grande passo inicial. Aguardemos.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Universidade Nacional de Seul

O Etapa promoveu, na última quinta-feira, uma palestra com professores da Universidade Nacional de Seul. O objetivo principal do encontro foi promover a referida Universidade perante os brasileiros e abrir a estes a possibilidade de uma graduação, mestrado ou doutorado em Seul.
Senti-me um peixe fora d'água em boa parte do tempo. Era um dos poucos adultos presentes e também um dos poucos que não pertenciam a alguma colônia oriental brasileira. Menos mal que fui acompanhado pela minha filha.
Um dos professores palestrantes surpreendeu a todos com um castelhano quase perfeito. Num país como o nosso em que muitos não conseguem nem falar corretamente o idioma Português, torna-se até emocionante o esforço de um coreano em aprender um idioma latino.
Senti-me porém angustiado com as informações que fui recebendo. A primeira grande ação pró-educação universal na Coréia ocorreu na Idade Média, há uns 700 anos, por determinação de um rei, Sejong.
O PIB per capita da Coréia do Sul era de 100 dólares em 1960, pobreza africana, atingindo em 2006 o valor de 20 mil dólares, PIB de país desenvolvido. A Coréia do Sul é hoje a 11ª economia do mundo. E as razões apontadas para tal desenvolvimento são básicas: acumulação de capital, trabalho, educação e produtividade.
37,8% da economia mundial está na Ásia e a América do Sul, a África e a Austrália são meros figurantes, ao fornecerem minério de ferro e aço para os países desenvolvidos. O palestrante até pediu desculpas ao fornecer essas informações.
Mas, impressionante é a estrutura da Universidade. Hoje ela ocupa o 51º lugar no ranking das melhores universidades do mundo, possui 2084 professores em tempo integral e, pasmem!, 95,4% com Doutorado. Em 2005, foram publicados 3945 artigos pela Universidade, que ocupa a 31ª colocação em pesquisas científicas no mundo. Dos funcionários públicos de alto nível da Coréia do Sul, 75% se formaram na Universidade Nacional de Seul; também se formaram na mesma escola 47,8% dos parlamentares da Assembléia Nacional. Seu orçamento é de US$ 505 milhões, com a distribuição de US$ 59 milhões em bolsas de estudo.
O que dói é que o Brasil continua inventando a roda. Não temos um projeto de futuro, dispersamos o dinheiro em corrupção e consumo fácil, trabalhamos muito mas de modo frequentemente improdutivo, não formamos professores em quantidade e qualidade necessárias e nossos estudantes demonstram um interesse errático pelos estudos. Um País que não consegue sair do dilema entre se tornar uma potência econômica respeitada ou se tornar um paraíso turístico para estrangeiros. Será que algum dia conseguiremos conciliar todas as nossas vocações, todos os nossos potenciais?

O Ano Começou! Será?

Estou com saudades do Carnaval. A Av. Paulista está um caos! Obras, obras, obras, gente apressada, desesperada, agressiva, descontente. Pressa, pressa, pressa! Será a paulistanice invadindo cérebros e corações?
Do Carnaval, restou a imagem de mulheres quase nuas em busca de contratos promocionais e de novas fotos em revistas masculinas. As cifras impressionam: 100 mil, 200 mil, 300 mil reais, etc. Como disse a minha filha: será que vale a pena estudar? Ou seria melhor esculpir um corpo, com ginástica, silicone e alimentação controlada? Que opinem as mulheres. Não sou moralista e acredito que uma bela mulher seja uma das imagens mais bonitas, mais atraentes da Natureza. Mas, o ganho financeiro dessas mulheres me enoja.
E o Brasil real continua o mesmo. Governo federal em crise por causa do desmatamento da Amazônia; se não há consenso entre os ministros, o que esperar do povo, constituído de pobres mortais desinformados?
Outro tema porém tomou conta do noticiário: o descontrole dos cartões corporativos por parte do governo Lula. E este, mais uma vez, foi de uma esperteza cavalar: se querem investigar os gastos do meu governo, eu topo. Mas, que investiguem também o governo FHC. Xeque-mate nos tucanos, esses que querem chegar ao poder novamente, mas que procuram vender uma falsa imagem de pureza. Eu, como cidadão, continuo exigindo investigações. Pago imposto até quando estou evacuando e não é para sustentar elites, novas ou antigas.
Agora, temos um novo fato. Foram furtados documentos secretos da Petrobrás. Estamos nos modernizando - agora sofremos espionagem industrial!
Ainda é cedo para escrever sobre o tema, mas a obabamania está tomando conta do noticiário. Um negro na Casa Branca! E não me enviem piadinhas racistas! Assisti a um debate na TV Cultura a respeito. Praticamente, os participantes chegaram a alguns consensos: o Obama não será o candidato democrata e a Hillary perderá a eleição para o McCain. Essa coisa de brasileiro interessado nas eleições norte-americanas me parece diversionismo, escapismo em relação aos problemas nacionais. Será que o próximo presidente dos EUA terá coragem de enfrentar os lobbies da indústria petrolífera, de retirar as tropas do Iraque e do Afeganistão, de obrigar militarmente Israel a cumprir seus acordos com os palestinos, de elaborar políticas objetivas para a salvação do continente africano? Não me preocupo com a etnia, com o sexo e com o pensamento filosófico do vencedor, mas sim com a esperança de alguma sobrevida para os viventes do planeta Terra, humanos ou não. Se for o Obama, o preferido dos liberais, e se ele se comprometer com essas bandeiras, terá todo o meu precário e distante apoio.

sábado, 19 de janeiro de 2008

APÓS O CARNAVAL

Como muitos dizem, o ano somente começa após o Carnaval. Como este último ocorrerá já no início de fevereiro, quem sabe tenhamos um ano mais longo, mais produtivo em 2008.
Mas, os sinais da política não me permitem ser muito otimista. Ver a foto do Lula, agindo como tiete ao fotografar o Fidel Castro, me pareceu algo tão ridículo, tão bufo, que quase não acreditei no que via. Respeito Fidel por ter tirado Cuba da situação de ser um quintal dos EUA, um antro de prostituição e jogatina. Mas, a sua megalomania em se acreditar o grande líder mundial, o salvador que iria reformar a América Latina, acreditando num marxismo discutível e estalinista, me levou a não idolatrá-lo. Agora, não sei bem o que passa pela cabeça do tio Lula - preferia que ele tivesse ídolos mais próximos da social-democracia. Mas, como ele vai passar para a História como o homem que seduziu a direita e iludiu a esquerda, creio ser essa uma boa explicação para o seu ato de puro fã.
Os herdeiros da ditadura de 64, que passaram pela ARENA, depois pelo PDS, PFL e agora formam o tal DEM (demônios?), estão numa saia justa. O Senador Edison Lobão, filiado ao PMDB, tornou-se ministro federal. Como somente pode acontecer numa republiqueta, seu suplente é o próprio filho, filiado porém ao DEM. Como o sujeitinho é suspeito de corrupção, o DEM não sabe o que fazer com seu filiado. Bater no governo como fez nos últimos 5 anos é fácil; agora virar vidraça não era esperado pelo partido. Pergunto apenas: nenhum dos nobres líderes do DEM percebeu que fato semelhante poderia acontecer?
Voltaremos também às urnas este ano. O PSDB também está todo enrolado. Segundo pesquisas, seu candidato mais viável em São Paulo é o Alckmin. Porém, o governador Serra, de olho nas eleições presidenciais de 2010 e no apoio futuro do DEM (sempre ele!), pretende apoiar o atual prefeito, Kassab. Há gente querendo lançar o Alckmin para o governo do Estado, em 2010. Acho que sou ingênuo, mas onde está o interesse da população em tudo isso? Lutei contra a ditadura para suportar esses políticos profissionais, que somente pensam nos seus interesses pessoais? Eles agem como o eleitor fosse facilmente manipulável e cumprisse apenas um destino escrito nas estrelas. Amigos, dêem uma resposta no final do ano. Eu darei a minha - ou votarei em candidatos desconhecidos ou anularei o meu voto.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

CONTINUAMOS NA MESMA!

Peço desculpas por voltar ao mesmo tema. Mas, tenho presenciado, ouvido e lido fatos que demonstram que nada mudou, no comportamento dos brasileiros, neste início de ano. Querem alguns exemplos?
Estou atravessando uma rua de São Paulo. Um carro passa por mim, felizmente em velocidade baixa, e passa pelo farol vermelho. Um mendigo pede um cigarro a um motorista estacionado perto de uma agência bancária; ouve desaforos do tipo: "eu trabalho 24 horas não para dar alguma coisa a ninguém". Na base de um ponto de ônibus, um dono permite que seu cachorro de estimação descarregue grande quantidade de fezes. Lixo em todas as ruas. Motoristas de ônibus estressados, verdadeiros maníacos ao volante. Um cara entra apressado em banheiro, empurrando todo mundo e nem olha para ninguém.
Vem o governo e aumenta o IOF. Coitados de nós, pobres mortais, que acreditamos no crédito fácil e ficaremos mais atolados em dívidas. Aliás, cadê o Lulinha Paz e Amor, que não anunciou pessoalmente esse aumento? Nessa hora, ele some e se esconde atrás dos ministros!
E a nave segue. Ontem, debateu-se na Cultura o desmatamento amazônico. Entre outras coisas, constatou-se que o governo federal e seus aliados é um grande mentiroso, quando fala em redução na destruição da floresta. Em 50 anos, não teremos mais nada. Ou melhor, teremos uma paisagem estilo savana, repleta de soja e gado. Um abraço.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

ATÉ QUANDO FICAREMOS NAS PROMESSAS?

Todo final de ano é a mesma coisa. A mídia publica e exibe as manjadas retrospectivas de notícias: os acidentes, os terremotos, as mortes de celebridades, os títulos esportivos mais importantes, os políticos que se destacaram, os atos de corrupção, etc. Tenta-se então dar um caráter cristão-judaico ao final do ano e início do seguinte, com os incentivos à humildade, temperança, gentileza, paz, amor e tantas outras promessas. Estimula-se também que cada pessoa faça planos para os próximos doze meses e se comprometa com a paz mundial.
Palavras ao vento, caros amigos leitores. Sem ação não adianta. O mundo ficará eternamente na inércia das coisas já acontecidas e já sabidas, se não atuarmos efetivamente.
Será que não estamos esquecendo dos problemas principais deste País? Atrevo-me a destacá-los:
- nosso sistema educacional continua medíocre.
- a qualidade na saúde, quando existe, ainda é para poucos.
- somos uma sociedade altamente corrupta.
- temos uma das maiores desigualdades sociais e econômicas do mundo (enquanto alguns pagaram ceias natalinas de até 600,00 por pessoa, muitos por exemplo não tinham o suficiente para comprar um cacho de uvas).
- e, principalmente, somos um povo que não pensa seu País como um todo - quantos nordestinos ou nortistas estão preocupados com a criminalidade em São e no Rio de Janeiro?; por outro lado, quantos paulistas estão preocupados com a seca nordestina, o desmatamento na Amazônia e o risco do Pantanal acabar? - discutir então a transposição das águas do Rio São Francisco é algo limitado a políticos, jornalistas e intelectuais.
Enquanto não criarmos o verdadeiro espírito coletivo nacional, não conseguiremos sair desse atoleiro ético em que nos encontramos.
Espero porém que 2008 seja um ano melhor para o povo brasileiro!