Moro, caros amigos, desde 1986 no bairro da Pompéia, Distrito das Perdizes, São Paulo - Capital. Antes uma região operária, ao longo dos últimos 30 dias foi se transformando, de um mero apêndice do Perdizes dito nobre, para um novo refúgio da classe média paulistana. Agora, essa transformação parece que sofrerá um novo impulso, com a inauguração de um novo Shopping, o Bourbon do grupo gaúcho Zaffari.
Há três dias, estou me divertindo com as manifestações consumistas dos meus vizinhos. Gente andando para ver a novidade, correndo até, uma grande quantidade de automóveis, trânsito apertado, buzinaços sem limite, gente deslumbrada, as melhores roupas tiradas dos armários, praça de alimentação lotadíssima.
Os cientistas sociais poderiam aproveitar esses dias para escrever suas dissertações de Mestrado e teses de Doutorado. Todas as tribos já passaram pelo local, até os pseudo-intelectuais como eu. O perfil de consumo, como dizem os homens de marketing, ainda não está completamente definido. Mas, alguns indícios estão aflorando nesse sentido. Uma garota, ao passar por mim e pela minha filha, ainda na rua, comentou com um amigo: "aqui não teremos as baianinhas". Outro garoto, aparentemente de menos posses, falou para um amigo: "quanta mina bonita tem aqui!". Outro grupo de garotos, também com pouca grana, estava andando pelo Shopping à procura de uma alimentação mais barata. Vi gente usando roupas na última moda, "chique no urtimo", como dizem os sertanejos modernos. Outros estavam vibrando por poderem comprar alimentos de elevado padrão, no supermercado.
Estaríamos caminhando então para mais um processo de separação social - quem puder consumir, que me parece ser o grande objetivo das classes A, B e C, encontrou um novo local para saciar a sua vontade. Os demais, se contentarão com alguma eventual oferta comercial ou terão que procurar outro local. Como parece que o Shopping West Plaza também se modernizará (leia-se mais sofisticação), tudo indica que os pobres da região serão escorraçados para mais longe, deixando os pequenos burgueses mais tranquilos para viverem a falsa ilusão de um país desenvolvido, sem miséria evidente.
Como concluir este texto? Não sou consumista; já usei o Shopping duas vezes: para tomar um café no Starbucks e almoçar num restaurante árabe (não foi o Almanara!). A parte cultural (cinemas, teatro e livraria) não foi inaugurada. Como a ignorância e o comportamento anti-social não tem classe, fico sempre indignado com quaisquer manifestações de racismo e preconceito que percebo nas pessoas. Mas, estou incluído nestes tempos modernos em que o importante é a aparência social; procurarei ser um bom vizinho do Shopping e cooperar para a boa convivência entre as pessoas.
Um comentário:
E para ser sincera, não tive a curiosidade de conhecer.
Será que sou anti social?
Ainda não defini o meu perfil!
=P
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