Foram duas semanas impactantes, para quem assistiu as competições, evidentemente. A China resolveu mostrar ao mundo o que pode fazer de melhor, em termos de tecnologia, organização e prática esportiva.
Os problemas do país, pobreza em muitas regiões, falta de liberdade de expressão, repressão a dissidentes e controle duro das minorias étnicas, foram bem “disfarçados”. Mesmo a poluição foi controlada por medidas extremas, como a quase proibição na circulação de veículos.
No Brasil, fomos obrigados mais uma vez a suportar as patriotadas. Muitos atletas, que conseguiram medalhas no último Pan e outros que se destacaram em mundiais e torneios posteriores, não conseguiram bons resultados em Pequim. Ora por nervosismo evidente, ora por incompetência no momento decisivo, ora pelo fato do adversário ter superado os seus limites.
Conseguimos nos manter ainda fortes no Vôlei, no Iatismo e no Judô (9 medalhas no total), fracassamos parcialmente no futebol (duas medalhas, mas sem o esperado ouro) e conseguimos feitos inéditos (medalhas na Natação, Atletismo e Taekwondo, quatro no total).
Nossos cronistas esportistas televisivos me angustiaram. Fora os erros de informação, normais numa cobertura tão extensa e alguns oriundos do total desconhecimento da cultura chinesa, se comportaram mais como torcedores do que jornalistas críticos. Era uma gritaria que muitas vezes não justificava o resultado obtido. Passei a assistir com a TV selecionada para mudo. Ora, muito jornalista depende que os esportes cresçam no Brasil, para garantir o seu emprego.
Como este País geralmente não aprofunda a discussão de seus problemas, tudo que for escrito nos próximos dias, elogios, críticas ou denúncias, ficará no vazio. O governo federal investiu muito em patrocínio de atletas, levou a maior delegação brasileira já vista em Olimpíadas, mas o próprio Lula considerou a participação brasileira como razoável.
Há muito tempo que os jogos olímpicos se tornaram vitrines políticas. No tempo da Guerra Fria, EUA, de um lado, e a URSS e seus países satélites se digladiavam em busca de medalhas. Depois, os países chamados livres se impuseram. Agora, foi a China que se esforçou por 8 anos seguidos para, em número de medalhas de ouro, superar os EUA. Internamente, esse fato reforçará o poder do Partido Comunista e sua política de socialismo capitalista.
Chovendo no molhado, porque vários especialistas já escreveram a respeito, o Brasil somente será uma potência esportiva quando tivermos saúde e educação de qualidade. Até lá, nos contentaremos em estar entre os 30 países mais medalhistas e suportarmos a mídia manipuladora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário