sábado, 16 de fevereiro de 2008

Universidade Nacional de Seul

O Etapa promoveu, na última quinta-feira, uma palestra com professores da Universidade Nacional de Seul. O objetivo principal do encontro foi promover a referida Universidade perante os brasileiros e abrir a estes a possibilidade de uma graduação, mestrado ou doutorado em Seul.
Senti-me um peixe fora d'água em boa parte do tempo. Era um dos poucos adultos presentes e também um dos poucos que não pertenciam a alguma colônia oriental brasileira. Menos mal que fui acompanhado pela minha filha.
Um dos professores palestrantes surpreendeu a todos com um castelhano quase perfeito. Num país como o nosso em que muitos não conseguem nem falar corretamente o idioma Português, torna-se até emocionante o esforço de um coreano em aprender um idioma latino.
Senti-me porém angustiado com as informações que fui recebendo. A primeira grande ação pró-educação universal na Coréia ocorreu na Idade Média, há uns 700 anos, por determinação de um rei, Sejong.
O PIB per capita da Coréia do Sul era de 100 dólares em 1960, pobreza africana, atingindo em 2006 o valor de 20 mil dólares, PIB de país desenvolvido. A Coréia do Sul é hoje a 11ª economia do mundo. E as razões apontadas para tal desenvolvimento são básicas: acumulação de capital, trabalho, educação e produtividade.
37,8% da economia mundial está na Ásia e a América do Sul, a África e a Austrália são meros figurantes, ao fornecerem minério de ferro e aço para os países desenvolvidos. O palestrante até pediu desculpas ao fornecer essas informações.
Mas, impressionante é a estrutura da Universidade. Hoje ela ocupa o 51º lugar no ranking das melhores universidades do mundo, possui 2084 professores em tempo integral e, pasmem!, 95,4% com Doutorado. Em 2005, foram publicados 3945 artigos pela Universidade, que ocupa a 31ª colocação em pesquisas científicas no mundo. Dos funcionários públicos de alto nível da Coréia do Sul, 75% se formaram na Universidade Nacional de Seul; também se formaram na mesma escola 47,8% dos parlamentares da Assembléia Nacional. Seu orçamento é de US$ 505 milhões, com a distribuição de US$ 59 milhões em bolsas de estudo.
O que dói é que o Brasil continua inventando a roda. Não temos um projeto de futuro, dispersamos o dinheiro em corrupção e consumo fácil, trabalhamos muito mas de modo frequentemente improdutivo, não formamos professores em quantidade e qualidade necessárias e nossos estudantes demonstram um interesse errático pelos estudos. Um País que não consegue sair do dilema entre se tornar uma potência econômica respeitada ou se tornar um paraíso turístico para estrangeiros. Será que algum dia conseguiremos conciliar todas as nossas vocações, todos os nossos potenciais?

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