Em 15 de outubro passado, a Folha de São Paulo publicou matéria com o seguinte título Professor de SP ganha 39% menos que do AC. Dizia o texto, inicialmente, que o professor em princípio de carreira da rede estadual paulista recebe 39% menos do que o do Acre. Um professor que trabalha 120 horas por mês, em São Paulo, tem salário de R$ 966 e consegue comprar 4,9 cestas básicas. Já o do Acre recebe R$ 1.580 e compra 12,6. A reportagem considerou a cesta básica de setembro, sendo que a de São Paulo custava R$ 194,34 e a do Acre, R$ 124,47. Para o cálculo, ainda, a matéria afirmava que nenhuma gratificação foi contabilizada.
Qual foi a reação do governo do Estado, publicada no dia seguinte? A secretária estadual da Educação de São Paulo, afirmou que qualidade do ensino não tem relação com salário dos professores! E o governador Serra considerou “sem cabimento” comparar São Paulo ao Acre, pois o Estado do Norte praticamente não gastaria com aposentados e teria aproximadamente de 70% a mais de recursos disponíveis por habitante. E ainda declarou à Folha que São Paulo paga “dentro das possibilidades do Estado hoje”.
Então, como ficam os professores? Não podem comprar livros, não podem frequentar seminários, não podem ir ao cinema e ao teatro, não podem continuar estudando? Enfim, estão proibidos de se atualizar, pelo visto, segundo a mentalidade de nossos dirigentes. Como um professor de Geografia, exemplificando, vai comunicar aos seus alunos o esplendor de Foz de Iguaçu, se lá nunca esteve? Como um professor de Matemática vai motivar seus discípulos sobre as fantásticas ferramentas da matéria, se não participa de congressos? Teria outros milhares de exemplos.
A culpa será então dos aposentados, governador Serra? Das condições desfavoráveis do orçamento? Com tanta arrecadação? E quanto é o gasto do Estado com publicidade? E quantas outras funções do Estado poderiam ser minimizadas, para que tenhamos pelo menos uma educação de primeira qualidade? Ou será, não quero afirmar peremptoriamente, que temos desvios financeiros em São Paulo?
Governador, se mexa. 2010 está chegando e o senhor precisará batalhar muito o meu e o voto de muita gente, se quiser continuar na política. Não esqueceremos as suas declarações.
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