Caminhar pela Av. Paulista, principalmente em dia de trabalho intenso, não é um programa fácil. Encontrões, esbarrões, trânsito medonho, um clima que se alterna entre o calor asfixiante e o frio mais úmido possível. Divirto-me observando as pessoas, sempre naquela correria, buscando algum significado para as suas vidas. Ternos, gravatas, saias, vestidos, bonés, tênis, bermudas, tatuagens, piercings, é um verdadeiro balé humano, somente encontrado nas grandes metrópoles.
Mas, a avenida sempre nos revela alguma surpresa. Atravesso a rua, naqueles parcos segundos determinados pelo farol, com alguma adrenalina, e vejo, sobre a grama de um canteiro, pequenas esferas avermelhadas. Resolvi, coisa de maluco, as olhar mais perto. E encontro, que maravilha, pitangas. Gente, não estou sonhando, não é delírio de velho senil, pitangas mesmo. Em plena Av. Paulista!
Ousado quem plantou uma pitangueira num ambiente tão inóspito. Mas, ela está lá, garbosa, elegante, gerando seus frutos. Leio na Internet que os especialistas recomendam plantá-la em terrenos férteis, profundos e bem drenados. E que ele pode atingir até 10m de altura.
Não sei se ela sobreviverá num canteiro, em plena calçada, de uma poderosa avenida. As condições de tal canteiro, salvo engano (não sou botânico, nem biólogo), estão longe dessas recomendações.
Mas, ela me trouxe recordações da infância, boas recordações na verdade, de um tempo em que éramos ingênuos e acreditávamos que somente o estudo poderia melhorar a vida deste País. Hoje, percebemos que somente um povo politicamente organizado e atuante pode mudar a sua realidade.
Torço por ela. E espero que os ambientalistas urbanos zelem pela sua conservação.
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