terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Meu pai

Sou agnóstico assumido. Acredito firmemente que o homem é responsável pelos seus destinos, seja a construção de uma vida, de uma sociedade, seja a destruição de ecossistemas ou guerras sem fim. Não precisamos de figuras místicas a nos orientar, a nos vigiar.
Mas, estou no meio de um fenômeno natural, porém chocante. Em dezembro passado, faleceu a minha mãe.
Agora, dia 15, meu pai se despediu de nós. Ao longo dos anos, ele acumulou uma série de males: Parkinson, senilidade, uma suspeita de tumor na próstata, surdez, labirintite, hérnia. Praticamente, dormia o dia todo e pouco conversava nos últimos tempos. Quando foram vê-lo de manhã, ele tentou abrir a porta de sua casa e caiu. Levaram-no a um tal de Hospital Vermelhinho, um Municipal próximo ao Corinthians. Entrou em coma no dia 11 e foi levado, no dia seguinte, para a Santa Casa. O diagnóstico final apontou um AVC. A morte foi tratada como suspeita e o laudo final saiu pelo IML. O enterrei no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina.
Se houve na minha vida um tipo inesquecível, esse foi o meu pai. Rígido nas suas convicções, não admitia atitudes desonestas, nem comportamentos ociosos em hipótese alguma. Era ele que me levava à escola, no início, que me comprava livros, que me impunha uma disciplina ética consistente. Torcedor do Palmeiras, levou-me a estádios de futebol. Era católico fiel e devoto de Nossa Senhora da Aparecida. Talvez por ver tantas injustiças no mundo, eu não herdei essa fé cega na religião, mas os princípios éticos ficaram.
Meu pai incentivou-me o tempo todo a estudar; sacrificou-se financeiramente com esse objetivo. Quando fico indignado com alguns jovens, que perdem tantas oportunidades, estou lembrando dos ensinamentos do meu pai. Seu único lazer, basicamente, era assistir futebol. Não consegui fazer por ele nem metade do que ele fez por mim.
Se a expressão "descanse em paz" tem algum sentido, creio que ela se refere perfeitamente ao meu pai. Lutou, sofreu, foi digno. Ensinou-me que o valor das pessoas não está nos bens acumulados, mas sim nas obras em benefício dos demais.

Erasmo Dias, O Morto-Vivo

Finalmente, ficamos livres do sinistro coronel Erasmo Dias. Anticomunista convicto, prestou diversos serviços para a ditadura militar. Perseguiu estudantes da UNE, invadiu a PUC em São Paulo e enfrentou a Guerrilha do Vale do Ribeira. Apesar de se declarar contra a tortura, sempre usou métodos extremamente repressivos em sua atividade policial.
Gente como ele se beneficiou da anistia. Deveria estar encarcerado e esquecido, junto com bandidos comuns. Pena que os seus chefes, da época da ditadura, evitaram comparecer ao velório. Seria uma demonstração para a História do conservadorismo que permeia boa parte do pensamento político brasileiro.
Da minha parte, Coronel, o senhor jamais terá perdão.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Mulheres

Caminhando, como costumo fazer todos os dias, vejo coisas pela cidade muitas vezes chocantes.
Na semana passada, nas proximidades dos shoppings do meu bairro, vi uma senhora arrastando uma mala e pedindo esmola a todos os passantes que encontrava.
De vez em quando, ela dava algumas paradas e olhava para trás. Então vi uma mocinha, provavelmente sua filha, carregando no colo uma criança e puxando outra pela mão .
A criança mais velha chorava o tempo todo, pois também queria colo. Em certo instante, a moça sentou, tirou a sandália (daquelas bem pesadas) e começou a bater na chorona. Parei e fiquei observando; sinceramente, me deu vontade de chamar o Conselho Tutelar.
Depois de disciplinar a criança, a marcha da família se reiniciou. Cansei de segui-las e fui tratar da minha vida.
Mas, há uma pergunta que não quer se calar. Até quando mulheres se sujeitarão a esse tipo de vida, em gerar filhos sem a mínima condução de educá-los? Vivendo da caridade pública, com parceiros inúteis e ausentes? Respondam mulheres.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Infelizmente, tenho meus preconceitos

Quando aderi ao Orkut, entrei para uma comunidade que combatia o preconceito. Hoje, não me sinto mais digno de pertencer à mesma. Também tenho os meus preconceitos.
Um deles é não suportar essa cultura do "manismo". Todos se vestem iguais. Os meninos enfiam o boné na cabeça, pôem uma camiseta e uma bermuda, tênis (alguns até andam de chinelo, para cima e para baixo). As meninas, adoram mostrar a barriguinha (algumas colocam um maldito peercing no umbigo) e o cofrinho. E toca a ouvir: mano, tá ligado, tipo assim, galera, catei umas minas, fiquei com cinco ou seis na balada, etc. Somente pensam em futebol, festa e sexo, pelo menos é o que sinto. E não há distinção de classes sociais; o mano e a mina ricos adoram humilhar os outros, principalmente atendentes de lanchonetes. E os pobres ficam namorando aquilo que dificilmente poderão comprar. Não consigo, infelizmente, aguentar os papos desse pessoal. Há alguns dias, houve um show do Belo, no Palmeiras. Que inferno ficaram as ruas próximas!
Outro preconceito meu é não aceitar casais com muita diferença de idade. Não creio que exista amor romântico entre um homem de 60 e uma garota de 18 ou entre uma mulher de 60 e um rapaz de 18. Pode ser admiração, sim, ou principalmente sexo. Hoje, eu mantenho amizades com duas ou três garotas nessa faixa de idade; mas evito me envolver muito com elas. Temo torná-las infelizes por um mero capricho erótico meu.
Assim, peço desculpas públicas pelos meus preconceitos.