Esse tema vem me matutando há algum tempo. Hoje, passeando pelo Shopping Bourbon, aqui em São Paulo, encontrei um grupo de jovens, de baixa remuneração, olhando avidamente a mercadoria exposta numa joalheria. A seguir, uma das meninas do grupo parou em frente a uma loja de agência de viagens e apontou: Eu quero essa viagem! Era um cruzeiro de transatlântico.
Nada contra sonhar. É lícito e humano. Mas, que mundo estamos construindo?
Somos gente ou meros consumidores?
O escritor Férrez, numa palestra, implorou que a Nike e seus concorrentes deixassem de vender tênis caríssimos, no mercado brasileiro, pois isso na sua opinião incentivava os jovens da periferia a desejarem um padrão de vida impossível de ser alcançado, no curto prazo, e consequentemente uma atitude de quase marginalidade.
O Presidente Lula, neste momento, deve estar um índice de popularidade na casa dos 70%. Fico então refletindo: temos dois países preponderantes, o do Lula, representado pelos trabalhadores de baixa renda, os emergentes de classe média, os oportunistas de sempre e parte da intelectualidade semi-marxista, e o do Fernando Henrique, que congrega alguns empresários neoliberais, os intelectuais críticos, uma parte do povo mais instruído e militantes políticos que buscam uma Terceira Via não muito conclusiva.
Eu navego entre os dois grupos e, sinceramente, não creio que ambos possam melhorar este País, pelo menos a curto prazo. Então pergunto: como lidaremos com esses sonhos, com esses desejos de consumo, com os empregos de baixa renda e assédio moral preponderante? Ou seremos todos jogadores de futebol, modelos e trabalhadores de TV?